Embrapa investe em hortaliças mutantes: mais produtivas e saborosas

A busca incessante por melhorias no setor agrícola tem levado a Embrapa Hortaliças a investir em cultivares mutantes, uma prática comum no aprimoramento genético de plantas. Anualmente, a instituição desenvolve cerca de cinco novas variedades, destacando-se por sua maior produtividade, sabor aprimorado e relevância nos negócios, especialmente para a agricultura familiar. Esses lançamentos, muitas vezes passam despercebidos pelos consumidores, mas desempenham um papel crucial no mercado, oferecendo opções mais atrativas.

O processo de criação dessas hortaliças mutantes envolve a meticulosa manipulação genética, cruzando e recruzando centenas de variedades até atingir a mutação desejada. Esse esforço, embora demandante, resulta em alimentos que não apenas melhoram a experiência culinária, mas também abrem portas para cultivos inovadores, atendendo a nichos específicos do mercado.

O Brasil, que cultiva aproximadamente um milhão de hectares de hortaliças, conforme dados da Associação Brasileira de Horticultura, possui uma diversidade de mais de 50 olerícolas. Alguns desses cultivos chegam a ter mais de dez safras por ano. Warley Nascimento, chefe da Embrapa Hortaliças, destaca a importância de atender às demandas dos produtores, que buscam não apenas produtividade, mas também resistência. Os vegetais desenvolvidos pela Embrapa são adaptados a diferentes solos, dispensando, por exemplo, a necessidade de adubação.

A concentração da produção de hortifrútis em 2023, abrangendo 13 principais cultivos, ocupou 507,4 mil hectares no país. Esse cenário, predominantemente vinculado à agricultura familiar, registrou um crescimento de 4% em relação a 2022, recuperando os níveis pré-pandemia, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

É relevante notar que, diferentemente de outras abordagens, a Embrapa Hortaliças opta por dispensar a transgenia em seu processo de desenvolvimento de novas cultivares. O foco recai sobre a mutagênese aleatória, utilizando técnicas genômicas, mapeamento e aplicação de marcadores moleculares. O financiamento, em grande parte, provém de empresas privadas como Isla Sementes, Agrocinco, Hortivale e Feltrim, que, após o desenvolvimento, detêm a patente dos produtos e os disponibilizam no mercado, geralmente no ano seguinte.

O comprometimento da Embrapa Hortaliças com a inovação genética e o desenvolvimento de cultivares mutantes promete não apenas revolucionar a agricultura brasileira, mas também trazer para os consumidores opções de hortaliças mais resistentes, produtivas e saborosas em um futuro próximo.

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