Em 2023, o panorama das exportações de peixes brasileiros apresentou uma dualidade intrigante: enquanto o valor total aumentou em 4%, atingindo US$ 24,7 milhões, houve uma queda significativa de 20% no volume embarcado, que passou de 8.487 para 6.815 toneladas. Esse cenário contraditório reflete uma mudança no foco dos produtos exportados, com uma preferência por filés frescos em detrimento da venda de peixes inteiros congelados, o que resultou em um aumento expressivo de 21,2% no preço médio por quilo exportado, alcançando US$ 4,23.
A tilápia e seus derivados permaneceram como os líderes das exportações, somando US$ 23,3 milhões e registrando um modesto aumento de 1%. Notavelmente, o tambaqui surgiu como uma estrela ascendente nesse cenário, com um crescimento impressionante de 809% nas vendas, atingindo a marca de US$ 798 mil. Essa diversificação nos produtos exportados pode indicar uma resposta adaptativa às demandas do mercado internacional.
No que diz respeito aos destinos das exportações, os Estados Unidos se destacaram como o principal mercado, absorvendo 88% do total exportado, seguidos pela China, com 3%, e o Japão, com 2%. Essa concentração geográfica ressalta a importância de se compreender e atender aos padrões e exigências específicos de cada país importador.
Em relação aos estados brasileiros, o Paraná manteve sua posição de destaque como líder na exportação de tilápia, contribuindo com US$ 18,6 milhões, o que representa 80% do total nacional. Em segundo lugar, encontram-se São Paulo, com US$ 2,7 milhões (12% do total), e Bahia, com US$ 1,3 milhões (6% do total). Essa distribuição regional evidencia a relevância das regiões sul e sudeste na produção e exportação de peixes.
Francisco Medeiros, presidente executivo da Peixe BR, atribui esse crescimento nas vendas externas à profissionalização e à escala de produção das empresas brasileiras, ressaltando a qualidade dos peixes de cultivo nacional, que possuem rastreabilidade e selos de produção sustentável. Essa valorização da qualidade como diferencial competitivo é fundamental para atender às exigências rigorosas do mercado internacional, que demanda produtos de alto valor agregado e sustentabilidade ambiental. Assim, a dualidade observada nas exportações de peixes em 2023 reflete não apenas desafios, mas também oportunidades para o setor pesqueiro brasileiro, impulsionando-o a buscar continuamente inovação e excelência na produção e comercialização de seus produtos.