O comércio brasileiro destaca-se de maneira singular, principalmente no mercado chinês, mas enfrenta desafios para diversificar suas exportações. Apesar dos recordes de exportação e superávit alcançados em 2023, o Brasil não figura entre os principais fornecedores dos outros nove maiores importadores globais, com exceção da China.
A posição do Brasil nos destinos de exportação é notável, estando geralmente abaixo da 14ª posição nos principais destinos, com avanços significativos apenas na China, Japão e Reino Unido em 2023. Em contrapartida, houve perdas em quatro dos dez maiores destinos, incluindo Estados Unidos, Coreia do Sul, Índia e Itália.
A China se destaca como o segundo maior importador do mundo, e o Brasil elevou sua participação nas importações chinesas de 4% para 4,8% em 2023, totalizando US$ 122,4 bilhões. No entanto, a concentração das exportações brasileiras na China, absorvendo 30,7% do total, ressalta a necessidade de diversificação para evitar dependências excessivas.
José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), aponta a concentração das exportações como a principal razão para a falta de presença significativa em outros mercados. Em 2023, a China foi responsável por um superávit comercial de US$ 51,2 bilhões, contribuindo para o recorde de US$ 98,9 bilhões na balança comercial total brasileira.
Entretanto, o Brasil perdeu uma posição nas exportações para os Estados Unidos, caindo para o 18º lugar, enquanto o México assumiu a posição de maior fornecedor para os EUA. Esse cenário pode limitar as oportunidades de expansão do Brasil no mercado americano, destacando a importância da diversificação.
A participação brasileira no mercado chinês está intimamente relacionada à demanda por commodities, como soja, minério de ferro, petróleo e carnes. Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), destaca que a valorização das commodities impulsionou o aumento da participação brasileira no mercado chinês em 2021 e 2022.
No entanto, a demanda global por produtos manufaturados e serviços de alta tecnologia destaca a necessidade de diversificação na pauta exportadora brasileira. Enquanto os Estados Unidos possuem uma pauta mais diversificada, competindo diretamente com o Brasil em setores como grãos, carnes e petróleo, a inserção em mercados de atividades econômicas mais complexas requer investimentos e uma variedade de produtos.
Alcançar uma pauta exportadora mais diversificada é crucial para o Brasil competir em mercados com atividades econômicas mais sofisticadas. No entanto, isso enfrenta desafios significativos, exigindo investimentos em setores industriais mais exportadores e uma variedade de produtos para se integrar às cadeias globais de produção. A estabilidade na participação brasileira nas importações de países como Coreia do Sul e Alemanha reflete as dificuldades em aumentar a presença em mercados mais complexos economicamente.