Desafios da ocupação urbana no Rio de Janeiro
Relatório recente da Folha destacou os desafios enfrentados pela capital fluminense em relação à habitação. A construção de moradias no centro da cidade não é uma solução completamente negativa, mas traz consigo o risco de gentrificação, aumentando os custos de aquisição, aluguel e turismo. Entretanto, a qualificação dos empregos nas periferias pode ser uma alternativa viável e benéfica para todos.
A ocupação urbana no Brasil é problemática desde os tempos das capitanias hereditárias, gerando consequências como o latifúndio e o patrimonialismo. Ao contrário dos espanhóis, os colonizadores portugueses negligenciaram o planejamento urbano, e isso se reflete na ocupação do Rio de Janeiro, que hoje é um espelho da falência do estado.
Os Desafios da Habitação no Rio de Janeiro
O avanço do crime na política habitacional e a ineficiência do Estado agravam os problemas urbanos na Cidade Maravilhosa. Projetos como a desfavelização de Carlos Lacerda empurraram a população para periferias sem infraestrutura, separando moradia e emprego—ainda um problema vigente.
Como as Políticas Habitacionais no Rio se Deterioraram?
A apropriação do espaço urbano no Rio de Janeiro é marcada por problemas como a luta por moradia, o crescimento das milícias e políticas habitacionais ineficazes. As leis não são respeitadas e, consequentemente, não têm efeito prático. O primeiro plano urbanístico, o Plano Beaurepaire do século 19, nunca foi executado, segundo Verena Andreatta.
A Urbanização e Seus Efeitos ao Longo do Tempo
Desde a tentativa de Pereira Passos de urbanizar a região central com a remoção de cortiços, até as ações de Carlos Lacerda que resultaram na criação de moradias subnormais, os movimentos sempre empurraram os mais carentes para a periferia. Leonel Brizola conectou o morro à zona sul sem planejamento adequado, agravando a situação.
Comparações com Outras Regiões Brasileiras
A zona oeste do Rio está se tornando semelhante à zona leste de São Paulo, onde cerca de 33% da população tem apenas 13% dos empregos da cidade. Retirando a subprefeitura da Mooca, que possui muitas oportunidades de emprego, o resto da zona leste conta com apenas 6% dos empregos, majoritariamente de baixa qualificação.
Os Problemas Estruturais e a Atuação das Milícias
Com alto risco estrutural, grande parte da zona oeste do Rio está sob controle de milícias que lucram com a construção de conjuntos irregulares. A questão habitacional enfrenta ainda problemas de preservação ambiental e falta de infraestrutura para saneamento e tratamento de resíduos sólidos.
Busca por Soluções Viáveis
Embora existam políticas esboçadas pelas esferas federal, estadual e municipal, nenhuma mostra uma consolidação crível. Essas políticas são geralmente idealizadas com entusiasmo, mas falta uma formulação correta, implantação adequada e avaliação de resultados. Elas são lançadas em momentos de visibilidade, frequentemente no período eleitoral.
Quais são as Promessas dos Candidatos?
As promessas dos candidatos carecem de detalhamento e viabilidade. São arquipélagos de intenções em mares de impossibilidades. O poder público deve se fortalecer, inspirar confiança e implementar soluções realistas. O Rio de Janeiro precisa de uma “recuperação judicial” para ressuscitar o moribundo estado administrativo e social.
A falência do estado no Rio de Janeiro é evidente, mas uma reestruturação consciente, implementando políticas realistas e sustentáveis, poderia trazer nova esperança para a Cidade Maravilhosa.