Os protestos agrícolas na França atingiram um novo patamar, ameaçando fechar as entradas de Paris após semanas de manifestações contra os preços dos alimentos e a burocracia no setor. O movimento, que começou há duas semanas, intensificou-se durante o fim de semana, com a obstrução de rodovias importantes por tratores e feno. Agora, os agricultores pretendem realizar um cerco indefinido à capital francesa, bloqueando as principais estradas que saem da cidade.
Cerca de 800 tratores já estão posicionados na região metropolitana de Paris, enquanto o governo mobilizou 15 mil policiais para monitorar o movimento, de acordo com o jornal Le Figaro. Os sindicatos agrícolas anunciaram em comunicado que agricultores de diversos departamentos iniciariam o cerco à capital a partir das 14h (horário local), buscando pressionar o governo a responder às demandas do setor.
Os manifestantes têm criticado a desconexão entre os discursos políticos e as decisões que afetam os agricultores, destacando a necessidade de redução de impostos, subsídios e melhores condições de trabalho. Eles afirmam que apenas através de uma pressão direta sobre o governo podem garantir que suas reivindicações sejam ouvidas.
Além das questões econômicas, os agricultores também expressaram preocupação com as políticas ambientais que afetam sua rentabilidade e competitividade. O uso do glifosato, em particular, tem sido um ponto de discordância, com os agricultores argumentando que as regulamentações ambientais excessivas os prejudicam em relação a países vizinhos com padrões menos rigorosos.
Os protestos ganharam destaque após a trágica morte de uma agricultora e sua filha, atropeladas enquanto participavam de um bloqueio de estrada na região sul da França. Esse evento aumentou ainda mais a indignação dos agricultores, que já estavam preocupados com o aumento gradual dos impostos sobre o diesel usado em tratores agrícolas.
Os agricultores franceses buscam não apenas soluções imediatas para suas demandas, mas também uma revisão mais ampla das políticas que afetam o setor agrícola. Eles argumentam que a soberania alimentar do país está em risco e que mudanças estruturais são urgentemente necessárias para revitalizar a produção agrícola e garantir a segurança alimentar.