A margem de rentabilidade do produtor de grãos na safra 2024/25 pode aumentar para 40%, diante dos 25% na safra 2023/24, segundo o Itaú BBA. A consultoria está otimista também com ampliação de carteira de crédito ao setor. Essa projeção é baseada no custo operacional da produção agrícola e na relação de troca entre soja e fertilizantes.
A previsão de maior margem para o sojicultor considera um período anterior onde a relação de troca foi favorável. Em maio, por exemplo, houve uma fase positiva apesar do aumento subsequente dos fosfatados e do impacto do dólar na aquisição de adubo. A consultoria destaca que produtores que adquiriram insumos antecipadamente e mantiveram um fluxo de caixa equilibrado, como muitos em Mato Grosso, estão em vantagem.
Margem de Rentabilidade dos Produtores de Soja
No custo operacional, incluem-se despesas com insumos (defensivos e fertilizantes), sementes e mão de obra, excluindo o arrendamento de terra. “A margem agrícola de 40% sem financiamento é boa”, apontou Cesar de Castro Alves, gerente da consultoria Agro do Itaú BBA, junto com o analista Francisco Queiroz. Esse percentual se justifica também pela estimativa de redução de custos com a safra 2024/25 em cerca de 12%.
Por outro lado, produtores de médio porte, anteriormente ouvidos pela reportagem, ainda enxergam desafios em manter um caixa folgado. Muitos optam por cortes de custos para tentar salvar a margem, embora alguns ainda vejam despesas que chegam a compor 60% dos gastos com a safra de soja de verão, restando pouco para investimentos futuros.
Como o Itaú BBA Está Apoiando os Produtores de Soja?
Segundo o Itaú BBA, as projeções de margem estão associadas à expansão da carteira de crédito para clientes do setor agrícola. O banco espera incrementar essa carteira de 15% a 20% ainda este ano. “Os financiamentos até agora alcançaram R$ 100 bilhões e a meta do ano era de R$ 103 bilhões”, contou Pedro Fernandes, diretor de agronegócios da consultoria.
A meta para o final do ano está entre R$ 110 e R$ 115 bilhões em empréstimos, ou até mais. Quando questionado sobre o risco dos financiamentos, Fernandes mencionou fatores como as enchentes no Rio Grande do Sul, a variabilidade de preços dos grãos em Mato Grosso e o elevado nível de renegociação de dívidas, que tornaram as decisões mais cautelosas. No entanto, Fernandes afirma que a situação já está controlada para a safra 2024/25.
O Mercado de Capitais no Agronegócio
O volume de emissões de títulos de dívida do agronegócio deve continuar a subir em 2024. Pedro Fernandes acredita que esse crescimento será impulsionado pela escala atingida pelas companhias. Empresas do setor são capazes de emitir títulos com prazos médios de vencimento de dez anos ou mais, apesar das renegociações de CRAs e outros títulos.
- Empresas do agronegócio são capazes de emitir títulos de dívida com prazos prolongados.
- A estimativa é positiva para o mercado de capitais agrícola, apesar das margens apertadas e da volatilidade.
- O setor sucroenergético e o de proteína animal são bem representados no mercado de capitais.
Fernandes também apontou que a evolução dos Fiagros, fundos imobiliários agrícolas, ainda está em fase de desenvolvimento. Após um primeiro semestre com notícias ruins, os gestores que captarem novos ativos através dos Fiagros devem mostrar possibilidades promissoras para investidores. Apesar das frustrações iniciais, há um otimismo na continuidade e na evolução deste mercado até o final do ano.
Em conclusão, a margem de rentabilidade da safra 2024/25 pode ser amplamente beneficiada pela redução de custos e pelo acesso facilitado a crédito, segundo o Itaú BBA. A aposta em títulos de dívida e em Fiagros também mostra um cenário promissor para o capital do agronegócio no Brasil, mesmo diante dos desafios observados até agora. Este cenário abre perspectivas positivas tanto para grandes corporações quanto para produtores de médio porte que buscam otimizar suas operações e investimentos.