No decorrer do mês de julho de 2024, a balança comercial do Brasil revelou números intrigantes para o setor agropecuário. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), houve um crescimento marginal nas receitas das exportações agropecuárias em comparação ao mesmo período do ano anterior.
O valor das exportações do segmento agrícola alcançou US$ 4,80 bilhões, registrando um leve aumento de 0,7% em relação a julho de 2023. No entanto, o volume médio diário de embarques mostrou uma redução de 4,6%, totalizando 656,9 mil toneladas por dia, refletindo a volatilidade das commodities agrícolas nos mercados globais.
Quais produtos impulsionaram o crescimento das exportações agropecuárias?
O incremento nas receitas foi liderado significativamente pelo desempenho de exportações de diversos produtos agrícolas, com destaque para a soja, o café não torrado e algodão em bruto. Estes produtos não apenas mantiveram suas performances, como também apresentaram significativos incrementos em valor e volume, configurando-se como os pilares deste crescimento.
Impacto dos Diferentes Setores na Balança Comercial
Os produtos que registraram maior crescimento foram:
- Soja: Atingiu US$ 3,407 bilhões em receitas, marcando um crescimento de 0,71%, e um aumento de 11,4% em volume, com 514,410 mil toneladas por dia.
- Café não torrado: Apresentou receitas de US$ 572,592 milhões, crescimento de 0,55%, e um salto de 39,9% em volume, algo em torno de 9,355 mil toneladas diárias.
- Algodão em bruto: Surpreendeu com um crescimento impressionante de 152% em receitas e 147,2% em volume, alcançando 8,549 mil toneladas por dia.
O declínio nas exportações de milho
Contrastando com o sucesso da soja e outros produtos, a exportação de milho enfrentou consideráveis obstáculos. A receita com a venda do grão não moído despencou para US$ 313,855 milhões, uma queda de 57,6% em comparação com a média diária de julho de 2023. Paralelamente, o volume embarcado de milho caiu em 47,6%, situando-se em 105,499 mil toneladas por dia.
Segundo Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado, esses resultados são decorrentes de uma combinação de fatores. “A presença mais competitiva da Argentina nos mercados globais e a queda nos preços internacionais afetaram diretamente nossos envios ao exterior”, explica. No entanto, Molinari mantém uma visão otimista para o segundo semestre, esperando uma retomada no ritmo de vendas.
Avanços no segmento de carnes
Em adendo às culturas vegetais, as exportações de carnes também mostraram números positivos. Caracterizadas por avanços tanto em receita quanto em volume, as carnes bovina, suína e de aves têm tido um desempenho notável. O analista Felipe Fabbri, da Scot Consultoria, destaca o crescimento no setor e sinaliza boas perspectivas devido à sólida demanda internacional.
Visão Global sobre o Futuro das Exportações Agropecuárias Brasileiras
Com base nos dados fornecidos e nas projeções dos especialistas, espera-se que as exportações agropecuárias brasileiras continuem a crescer no segundo semestre de 2024, especialmente com a normalização dos volumes de venda de milho e manutenção dos robustos desempenhos das carnes e outras commodities agrícolas fundamentais. Essa tendência sublinha a importância estratégica do agronegócio para a economia nacional.