“Você nunca vai prosperar”, diz Pablo Marçal sobre o Bolsa Família; programa vai acabar?
O primeiro debate após o episódio polêmico envolvendo uma agressão física, no último domingo (15) gerou muita tensão entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo.
José Luiz Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB) protagonizaram momentos acalorados, com ofensas pessoais e acusações que forneceram um cenário de confronto e pouca discussão de propostas.
Nesta terça-feira (17), o evento foi organizado pelo portal UOL e a RedeTV!. O debate, ao invés de se concentrar em propostas de governo, teve como marca registrada a troca de insultos entre os candidatos, culminando em uma série de direitos de resposta e advertências por parte da mediadora Amanda Klein.
Datena e o episódio da cadeirada
Logo no início do debate, as tensões ficaram evidentes. Datena, reafirmou sua intenção de manter a postura agressiva. Marçal, por sua vez, não poupou palavras, chamando Datena de “orangotango” e apontando que o candidato “não é homem”.
A situação rapidamente escalou para novos insultos e acusações. Marçal e Ricardo Nunes (MDB) discutiram aos gritos, com ambos ignorando os alertas da mediadora. Nunes não deixou de relembrar os antecedentes criminais de Marçal, intensificando o clima de hostilidade.
Participação de Boulos
Guilherme Boulos (PSOL) também foi atacado por Marçal, sendo apelidado de “Boules”. A mediadora interveio, pedindo para que Marçal se referisse a Boulos pelo nome correto, o que levou Marçal a colocar um adesivo na boca em protesto, alegando censura.
Boulos respondeu criticando Marçal e Datena por suas posturas ofensivas. Ele lembrou episódios passados em que foi preso e conduzido à delegacia e aproveitou a ocasião para acusar Nunes de bloquear a construção de um centro oncológico por questões políticas.
Marina Helena e Tabata Amaral
Marina Helena (Novo) questionou Tabata Amaral (PSB) sobre viagens de jatinhos particulares para visitar seu namorado, João Campos, prefeito do Recife. Tabata negou as acusações e mudou o foco para discutir propostas de saúde mental e educação, propondo a presença de equipes de saúde mental em todas as unidades básicas de saúde e apoio específico para mães atípicas em São Paulo.
Tabata indicou que iria processar Marina pela acusação, alimentando ainda mais a atmosfera de enfrentamento que marcou o debate. A candidata do Novo respondeu detalhando duas propostas de seu plano de governo: uma tarifa flexível no transporte público e concessão de títulos de propriedade para moradores das periferias.
Marçal e o Bolsa Família
Recentemente, em uma sabatina também conduzida pelo UOL e também pela Folha de S. Paulo, Marçal declarou que o Bolsa Família impede as pessoas de trabalharem, e chamou o programa assistencial de “Bolsa Miséria” em um corte de vídeo publicado em redes sociais.
Durante o debate desta terça, o candidato foi questionado pela jornalista Thais Bilenky sobre essa declaração. A jornalista perguntou a Marçal se caso fosse presidente da República um dia, se ele iria extinguir o Bolsa Família.
Em resposta, Marçal disse que atualmente no Brasil existem mais beneficiários do programa do que trabalhadores com carteira assinada e citou que se não houver uma “renda alternativa” além do Bolsa Família, um beneficiário “nunca vai prosperar em sua vida”. E justificou que chamou o programa de “Bolsa Miséria” porque o beneficiário sabe que é “uma miséria, que não dá para pagar nem a comida”.
Pablo Marçal pode acabar com o Bolsa Família?
É importante frisar que caso seja eleito prefeito de São Paulo, Marçal não pode acabar com o programa no estado, visto que o Bolsa Família é financiado pelo Governo Federal e os prefeitos não têm autoridade para encerrar uma assistência federal.
Porém, a cidade de São Paulo possui iniciativas assistenciais próprias, e se eleito, o candidato pode influenciar essas políticas segundo sua visão de administração.
Por fim, o debate terminou sem muitas novidades em relação às propostas de governo, mas claramente evidenciou o clima de hostilidade entre os candidatos. Com personalidades fortes e temperamentos inflamados, o público pôde perceber que a batalha eleitoral em São Paulo está longe de se acalmar.