Um projeto de lei apresentado na Câmara Municipal de Curitiba reacendeu o debate sobre a presença de conteúdos religiosos no ambiente escolar. A proposta, de autoria do vereador Zezinho Sabará (PSD), sugere que a Bíblia seja utilizada como material complementar em escolas públicas e privadas da capital paranaense.
Segundo o parlamentar, a medida não tem o objetivo de promover doutrinação religiosa, mas sim valorizar o conteúdo histórico, literário e cultural do livro mais lido do mundo. O projeto estabelece que o uso da Bíblia seria opcional e restrito a disciplinas como História, Literatura, Filosofia e Ensino Religioso, sempre respeitando o projeto pedagógico de cada instituição.
A proposta, no entanto, dividiu opiniões entre os vereadores e provocou reações nas redes sociais. Parte dos parlamentares defende a iniciativa como um resgate de valores e uma forma de ampliar o repertório educacional dos estudantes. Já outros criticam o projeto por considerar que ele pode violar o princípio da laicidade do Estado e abrir brechas para o favorecimento de uma religião específica em detrimento de outras.
Especialistas em educação e direito constitucional também manifestaram preocupação. Para eles, ainda que a proposta seja facultativa e apresentada sob uma perspectiva cultural, a introdução de um símbolo religioso específico no ambiente escolar pode gerar exclusão, desconforto e conflitos em um espaço que deve primar pela diversidade e neutralidade.
O projeto ainda está em fase de análise nas comissões da Câmara antes de ser levado à votação em plenário. Caso aprovado, caberá às escolas decidirem se adotam ou não o uso do material em sala de aula.
Enquanto o debate avança, a proposta já se tornou símbolo de uma discussão maior: o equilíbrio entre liberdade religiosa, pluralidade cultural e o dever do Estado de manter a educação pública neutra e inclusiva.