Desde as primeiras sondas espaciais que chegaram a Marte décadas atrás, acumulamos uma riqueza de informações sobre o Planeta Vermelho. No entanto, as missões ExoMars e Mars Express da ESA recentemente surpreenderam ao detectar geada de água nos topos dos vulcões da Região de Tharsis, próximo ao equador marciano. Esta descoberta é notável porque desafia a crença anterior de que o calor solar e a atmosfera fina de Marte impediriam a formação de gelo em regiões tão próximas do equador.
Descoberto gelo em montanhas
Observada brevemente durante o amanhecer marciano, a geada desaparece rapidamente sob a intensa luz solar. Apesar de fina – cerca de um centésimo de milímetro de espessura – as manchas cobrem uma vasta área e representam aproximadamente 150 mil toneladas de água trocadas entre a superfície e a atmosfera de Marte diariamente durante as estações frias, equivalente a cerca de 60 piscinas olímpicas.
Esse fenômeno é possível devido ao microclima peculiar nas encostas dos vulcões Tharsis, como Olympus Mons e Arsia Mons, onde a circulação atmosférica permite a condensação do vapor de água em geada, mesmo em altitudes relativamente baixas para os padrões marcianos.
As descobertas foram possíveis graças aos instrumentos avançados a bordo do ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO) e do Mars Express, como o Sistema de Imagem de Superfície Colorida e Estéreo (CaSSIS) e o espectrômetro Nadir and Occultation for Mars Discovery (NOMAD). Além de confirmar a presença de geada, essas missões forneceram insights valiosos sobre a dinâmica atmosférica e a distribuição de água em Marte.
A descoberta da geada nos vulcões marcianos destaca a complexidade do ambiente marciano e oferece novas perspectivas para futuras explorações, incluindo o potencial de investigar esses fenômenos de perto com missões robóticas e, eventualmente, humanas.