O Telescópio Espacial James Webb (JWST) surpreendeu a comunidade científica ao detectar um fenômeno cósmico extraordinário: a “cauda de gato” em uma estrela praticamente recém-nascida, localizada a cerca de 63 anos-luz do Sistema Solar. Beta Pictoris, com menos de 20 milhões de anos, é considerada uma raridade no cosmos, despertando o interesse dos cientistas desde sua descoberta em 1984.
A estrela, semelhante ao Sol, está na fase inicial de sua existência e é cercada por um extenso disco protoplanetário de gás e poeira aquecidos. Esse material, ao longo do tempo, aglutina-se para formar corpos celestes, incluindo planetas e asteroides. Recentemente, o JWST capturou imagens infravermelhas reveladoras, mostrando uma sequência de material no disco secundário que se curva para longe do disco principal, assemelhando-se a uma cauda de gato.
A descoberta dessas imagens intrigantes foi apresentada na 243ª reunião da Sociedade Astronômica Americana. Christopher Stark, astrofísico da NASA, sugeriu que a inusitada cauda indica que o sistema Beta Pictoris pode ser mais ativo e caótico do que se pensava anteriormente. Estendendo-se por 16 bilhões de quilômetros, a cauda não é densa, possuindo uma massa equivalente a alguns dos maiores asteroides do Sistema Solar.
Os pesquisadores acreditam que a cauda pode ter surgido de uma colisão entre um asteroide e um protoplaneta, resultando na pulverização de parte do material do disco. A luz intensa da estrela, então, moldou e estendeu esse material deslocado. Marshall Perrin, astrônomo planetário, explica que a luz estelar impulsiona as partículas menores para longe mais rapidamente do que as maiores, formando a longa extensão de poeira observada na cauda de gato.
A dificuldade extrema de reproduzir essa cauda utilizando modelos computacionais destaca a necessidade de mais pesquisas para validar essa teoria. Além disso, os dados do JWST revelaram uma surpresa adicional: os dois discos de Beta Pictoris apresentam temperaturas distintas, indicando uma composição orgânica predominantemente escura no disco secundário em contraste com o gás do disco principal.