Uma nova série documental da Netflix, intitulada “Os Mistérios da Fé”, está explorando a história e o significado das relíquias da Paixão do Senhor e dos santos, que são extremamente importantes para o catolicismo, devido à sua ligação direta com o sacrifício redentor de Jesus Cristo.
A série de quatro episódios examina algumas das relíquias mais importantes como a Coroa de Espinhos, o Santo Graal e um fragmento da Santa Cruz, que está preservado no Brasil, no Rio de Janeiro. O último episódio se concentra na importância das relíquias dos santos, especificamente na camisa ensanguentada do beato Rosario Angelo Livatino, juiz italiano assassinado pela máfia siciliana em 1990.
Preservação e veneração das relíquias
De acordo com o cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos da Santa Sé, a Igreja tem a intenção de preservar e venerar essas relíquias porque elas conduzem a histórias de santidade. “As relíquias nos levam a histórias de homens e mulheres que se deixaram ser apoiados por Deus. Precisamos de relíquias porque, sem memórias, não teríamos esperança”, afirma o cardeal.
Por outro lado, a minissérie também visita o incêndio na Catedral de Notre Dame, em 2019, onde quase se perdeu a Coroa de Espinhos que foi colocada na cabeça de Jesus pelos soldados romanos.
Resgate da Coroa de Espinhos
As imagens do dia 15 de abril de 2019, quando a icônica igreja foi consumida pelas chamas, são um lembrete doloroso para os parisienses. Um dos momentos mais tensos foi o resgate da Coroa, que estava guardada em segredo na catedral para proteção. A relíquia foi resgatada graças ao capelão da brigada de incêndio de Paris, o padre Jean-Marc Fournier.
Padre Fournier e uma equipe de bombeiros foram obrigados a quebrar o relicário para salvar a relíquia, que foi então mantido em segurança sob a proteção das autoridades policiais.
Veneração versus Adoração
Apesar das revisões majoritariamente positivas do documentário, alguns fiéis levantaram a questão da série sugerindo que os católicos “adoram” relíquias. O cardeal Semeraro explica que a autenticidade das relíquias é considerada importante, mas não absoluta. “O objeto em si não é o que importa, mas sim a realidade que ele representa”, disse.
Nesse sentido, os católicos veneram as relíquias dos santos desde a antiguidade, como segundo o padre Carlos Martins, guardião das relíquias e diretor do ministério Tesouros da Igreja. Ele afirma que as relíquias, por terem uma associação direta aos santos ou ao Senhor, são usados por Deus como um meio de realizar seus milagres, direcionando nossa atenção para os santos como “modelos e intercessores”.