A perspectiva para a safra de milho no Brasil para o ciclo 2023/24 gera incertezas e preocupações, levantando a questão de possível escassez do grão. Em contraste com a safra recorde de 2023, que totalizou 131,945 milhões de toneladas, o início do ciclo atual traz dúvidas quanto ao tamanho da área plantada. Os preços do milho, que caíram aproximadamente 50% ao longo de 2023, influenciam as decisões dos produtores, que já expressam dúvidas sobre o plantio em 2024.
As dificuldades no plantio da safra de soja 2023/24 também impactam o milho safrinha, comprometendo a janela ideal de plantio e afetando o potencial produtivo das plantas semeadas fora desse período. A Conab estima uma redução de 10,8% na produção total de milho para 2024, sendo a safrinha responsável por mais de 11 milhões de toneladas a menos.
A preocupação com a oferta de milho é destacada por entidades e especialistas. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) teme pela disponibilidade do grão, considerando que o estado importa quase 6 milhões de toneladas das 8 milhões que consome anualmente.
O setor de proteínas animais, grande consumidor de milho, também expressa apreensão devido à possível escassez e ao potencial aumento nos custos de produção. A estratégia de compra de insumos será crucial para lidar com o impacto nos custos de alimentação para suínos e frangos.
As entidades do setor produtivo, como a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), já esperavam uma redução na área plantada, na produtividade e na produção para o ciclo atual. Dificuldades climáticas, como o fenômeno El Niño, contribuem para a incerteza no plantio e na produtividade do milho.
Em estados importantes na produção de milho, como Mato Grosso e Goiás, estimativas indicam redução na área plantada e na produtividade. O Paraná, por outro lado, apresenta um cenário otimista, com boas condições para a safra de milho.
Analistas projetam uma queda significativa na produção de milho para 2024, variando de 10,5% a 14% em relação a 2023. A incerteza quanto ao clima, o atraso no plantio da soja e a falta de margem positiva para o milho ao longo de 2023 contribuem para a indecisão dos produtores em apostar na safrinha de 2024.