Ruanda Fecha Igrejas: Repressão à fé ou segurança?

Nas últimas duas semanas, o governo de Ruanda ordenou o fechamento de 5.600 igrejas, na maioria pequenas congregações pentecostais. Esses locais de culto, frequentemente situados às margens de rios ou em cavernas, estão supostamente fora dos padrões estabelecidos por leis de 2018.

Segundo o Religion News Service, o movimento começou em 29 de julho e afetou templos, tendas e mesquitas. As autoridades alegam que esses locais não atendem as exigências de funcionamento definidas pela legislação ruandesa. A lei demanda que líderes religiosos possuam diploma de teologia, que as igrejas sejam registradas no governo e que declarem explicitamente sua doutrina ao Conselho de Governança de Ruanda.

Exigências Rigorosas para Igrejas em Ruanda

As novas regras legais também incluem outras exigências. As paredes das igrejas devem ser equipadas com isolamento acústico, as estradas de acesso e os complexos da igreja precisam ser pavimentados, além da instalação de pára-raios. O governo ainda demandou que determinados tipos de teto de lona, que apresentam risco de incêndio, sejam utilizados.

Boa parte das igrejas em Ruanda não tem condições financeiras para atender essas exigências. “Descobrimos que todas as igrejas estão sofrendo o mesmo destino e que até as mais luxuosas, conforme os padrões locais, tiveram que fechar,” comentou um analista local ao World Watch Monitor.

Por Que O Governo Fechou Tantas Igrejas em Ruanda?

O Conselho de Governança de Ruanda declarou que a medida tem como objetivo controlar a proliferação de templos não regulamentados. O arcebispo anglicano Laurent Mbanda acredita que as medidas foram benéficas para as igrejas do país. “O governo nos deu cinco anos para cumprir e continuou nos dando lembretes. Estamos falando de aeração, controle de som, banheiros para homens e mulheres. Acho que não há nada fora do comum nisso,” comentou Mbanda.

Quais São os Impactos para a População de Ruanda?

Críticos da ação alegam que o governo está afetando a liberdade de culto dos cidadãos. Ruanda, localizada na África Oriental e com 12 milhões de habitantes, é predominantemente cristã. De acordo com o censo de 2022, cerca de 48% da população é protestante, embora a Igreja Católica Romana seja a maior denominação.

Em 2019, Ruanda possuía 15.000 igrejas, das quais apenas 700 estavam legalmente registradas. Essa disparidade sugere que muitos locais de culto podem estar operando fora do controle governamental, algo que o governo parece determinado a corrigir com essas novas regras.

As Novas Regras e a Resposta das Igrejas

As exigências rigorosas do governo, como isolamento acústico e pavimentação, são vistas por alguns como uma forma de melhorar a infraestrutura e garantir a segurança das congregações. No entanto, muitas igrejas não possuem os recursos financeiros necessários para realizar essas mudanças, o que leva ao seu fechamento.

  • Diploma de teologia para líderes religiosos
  • Registro oficial das igrejas no governo
  • Declarações de fé ao Conselho de Governança
  • Isolamento acústico nas paredes
  • Pavimentação das estradas de acesso e complexos da igreja
  • Instalação de pára-raios e tipos específicos de teto de lona

Essas medidas são interpretadas por alguns como uma tentativa legítima de regular a proliferação de templos não autorizados, enquanto outros veem como um ataque à liberdade religiosa. Independente da interpretação, o impacto na comunidade cristã de Ruanda é profundo e duradouro, e o debate sobre a verdadeira intenção dessas medidas continua.

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