Todo ano eleitoral é marcado por dúvidas quanto as pesquisas eleitorais no Brasil. O fato de boa parte da população nunca ter sido entrevistada para um levantamento deste tipo, acaba deixando dúvidas quanto a amostragem necessária e o grau de precisão.
O sistema utilizado é similar ao da análise de solo (agricultura) ou teste de medicamentos (farmacêuticas). No primeiro exemplo, para saber se precisa ajustar o pH do solo ou utilizar algum tipo específico de adubo, o agricultor coleta diferentes pontos do solo e faz uma mistura para conseguir ter uma amostragem que represente a totalidade de sua área.
No caso das pesquisas eleitorais, a lógica é a mesma. Além de entrevistar um número razoável de eleitores, é necessário separar critérios sociais e econômicos.
O que é amostragem?
A amostragem é um dos pilares essenciais das pesquisas eleitorais. Ela consiste na seleção de um grupo específico de pessoas que serão entrevistadas, de modo a tentar representar toda a população de eleitores.
Por exemplo, em uma pesquisa realizada na cidade de São Paulo, a amostra deve refletir a diversidade de gênero, idade e perfil econômico do município. Isso é feito com o auxílio de estatísticas fornecidas pelo IBGE e pelo TSE, além de pesquisas internas dos institutos.
Quantas pessoas o Datafolha entrevista?
Um dos institutos mais famosos do Brasil, o Datafolha traz algumas respostas através da aba de perguntas e respostas. Sobre o tamanho das pesquisas, eles deixam claro:
Não há um tamanho ideal de amostra. Amostras menores têm uma precisão menor, ou seja, um maior erro amostral associado a elas. Ao definir o tamanho da amostra, deve-se levar em conta o grau de precisão desejável para analisar os resultados da pesquisa e também o detalhamento necessário para leitura dos dados. No Datafolha, utilizamos nas pesquisas eleitorais nacionais uma amostra com pelo menos 2.500 entrevistas. Isso permite uma segmentação dos resultados por região geográfica, faixas de renda, escolaridade do entrevistado e outras variáveis relevantes.
Em qualquer segmentação de dados que se faça (por região geográfica, sexo, escolaridade ou qualquer outra variável), é preciso ficar atento à precisão das amostras em cada um dos segmentos resultantes. Quanto menor o tamanho do segmento, maior o erro amostral associado aos resultados nele obtido. Uma amostra de 2.500 entrevistas, por exemplo, fornece bases razoáveis para leituras por região geográfica, mas não pelos Estados. Se houver necessidade de leitura de resultados para determinado Estado ou cidade, é preciso ampliar a amostra nessa região.
Como são feitas as pesquisas eleitorais?
As entrevistas podem ser realizadas de duas maneiras principais: presencialmente ou por telefone. Os institutos de pesquisa como Ipec e Datafolha preferem geralmente a abordagem presencial, onde os entrevistadores abordam eleitores em suas residências ou em locais públicos.
Durante as entrevistas, cuidados técnicos são tomados para garantir a imparcialidade das respostas. Por exemplo, em perguntas estimuladas, os nomes dos candidatos podem ser apresentados em cartões circulares para evitar qualquer influência na ordem dos nomes.
O que é margem de erro?
A margem de erro é uma medida que indica a possível variação nos dados coletados em uma pesquisa. Ela existe porque a pesquisa é feita com uma amostra da população, e não com a população inteira. Essa margem de erro é determinada por cálculos estatísticos que consideram o tamanho da amostra e a variabilidade esperada nas respostas.
Na prática, a margem de erro significa que os resultados apresentados podem variar alguns pontos percentuais para mais ou para menos. Por exemplo, se uma pesquisa indica que um candidato tem 25% das intenções de voto com uma margem de erro de 2%, isso significa que a intenção de voto real pode estar entre 23% e 27%.
Por que as pesquisas erram em algumas eleições?
Apesar das metodologias rigorosas, as pesquisas eleitorais não são cristalinas previsões do resultado das eleições. Elas representam um momento específico e estão sujeitas a mudanças na intenção de voto dos eleitores causadas por diversos fatores como debates, novas informações e eventos eleitorais importantes.
- As pesquisas refletem a opinião pública em um momento particular.
- Intenções de voto podem mudar rapidamente devido a acontecimentos recentes.
- O comportamento eleitoral pode ser influenciado por dados revelados nas próprias pesquisas.
Como saber se uma pesquisa é séria?
Para garantir a credibilidade, todas as pesquisas eleitorais devem ser registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O TSE avalia diversos aspectos como a metodologia, a amostra, o questionário utilizado, entre outros, mas não possui acesso antecipado aos resultados.
As informações sobre a pesquisa são públicas e podem ser consultadas no site do TSE, o que permite aos eleitores verificarem a idoneidade dos levantamentos.