Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol, é um mundo cheio de peculiaridades. Com um diâmetro de cerca de 4.880 km, é o menor dos planetas rochosos do Sistema Solar e não possui atmosfera significativa, o que resulta em uma superfície repleta de crateras e exposta a variações extremas de temperatura. Durante o dia, as temperaturas em Mercúrio podem chegar a 430 graus Celsius, enquanto à noite, podem despencar para -180 graus Celsius. A ausência de uma atmosfera densa contribui para essas flutuações extremas, tornando o ambiente de Mercúrio particularmente hostil.
Mercúrio também possui uma rotação lenta, levando cerca de 59 dias terrestres para completar uma volta em torno de seu eixo. Isso significa que o planeta tem dias e noites extremamente longos. Além disso, sua órbita é a mais excêntrica entre os planetas do Sistema Solar, o que faz com que sua distância do Sol varie significativamente ao longo de seu ano de 88 dias terrestres. Apesar de sua proximidade ao Sol, Mercúrio não é o planeta mais quente do Sistema Solar – título que pertence a Vênus devido ao seu efeito estufa descontrolado.
Mercúrio pode apresentar vida
Apesar dessas condições inóspitas, um estudo recente realizado por cientistas do Instituto de Ciências Planetárias (PSI) sugere que Mercúrio pode abrigar formas de vida em condições extremas. Publicado na National Geographic, o estudo aponta a presença de glaciares de sal na superfície do planeta. Esta descoberta é surpreendente, considerando as elevadas temperaturas diurnas de Mercúrio. Os glaciares de sal são ambientes que podem criar nichos habitáveis para diferentes formas de vida, como aponta Alexis Rodríguez, autor principal do estudo.
Rodríguez explicou que compostos salinos específicos na Terra criam nichos habitáveis até mesmo em ambientes difíceis, como o deserto de Atacama no Chile. Esta comparação serve para ilustrar que, mesmo em condições extremas, formas de vida podem existir. Em Mercúrio, onde a proximidade ao Sol cria um ambiente hostil, as temperaturas variam drasticamente, mas ainda assim podem existir áreas onde a vida microbiana poderia prosperar.
Rodríguez acrescentou que a descoberta dos glaciares de sal expande nossa compreensão dos parâmetros ambientais que poderiam sustentar a vida, não só em Mercúrio, mas também em exoplanetas com características semelhantes. Esta descoberta é relevante para a exploração astrobiológica, pois sugere que a habitabilidade pode existir em lugares anteriormente considerados inóspitos.
Essas descobertas em Mercúrio se somam a outras no Sistema Solar que desafiam nossas expectativas sobre onde a vida pode surgir. Em Plutão, por exemplo, foram encontradas geleiras de nitrogênio, um indicativo de que mesmo nos confins gelados do Sistema Solar, podem existir condições propícias para a vida. A presença de glaciares de sal em Mercúrio amplia ainda mais nosso entendimento sobre os ambientes que podem sustentar vida, oferecendo novas perspectivas para a busca de vida extraterrestre.