Ao mergulhar nas narrativas bíblicas, uma questão frequentemente apresentada é a linhagem genealógica de Jesus. De acordo com as escrituras, Jesus era descendente do rei Davi. A dúvida que permanece, no entanto, é: qual dos filhos de Davi Jesus realmente descende? A resposta pode estar nos textos dos evangelhos de Mateus e Lucas na Biblia, que, ao narrar a genealogia de Jesus, parecem sugerir diferentes ancestralidades.
Para melhor compreensão, é preciso analisar os textos bíblicos de Mateus 1:1-16 e Lucas 3:23-38. Ambas as passagens são de suma importância no estudo da linhagem de Jesus. Nelas, são apresentadas duas vias de descendência, através de José, marido de Maria, e a própria Maria.
Ancestralidade de Jesus através de José
Mateus 1:1-16 traça a linhagem de Jesus através de José, que é tido como descendente do rei Davi. Como filho adotivo de José, é estabelecido que Jesus herdaria a linhagem e a herança de José. É importante notar o formato utilizado no versículo 16: “E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo” (Mateus 1:16). Aqui não é mencionado que José gerou a Jesus, ao contrário dos outros versículos, onde a sucessão de ancestrais é expressamente indicada.
Ancestralidade de Jesus através de Maria
Em Lucas 3:23-38, por outro lado, a passagem parece traçar a genealogia de Jesus através de Maria, avançando sucessivamente através das gerações até chegar a Adão e o início da raça humana. O versículo 23 se destaca: “Ora, tinha Jesus cerca de trinta anos ao começar o seu ministério. Era, como se cuidava, filho de José, filho de Eli” (Lucas 3:23). Aqui, o texto parece ressaltar a figura de Maria, confirmando a ideia de que Jesus seria descendente diretamente dela. Neste contexto, conclui-se que Eli, mencionado na passagem, seria o sogro de José e não o seu pai, que é identificado como Jacó em Mateus 1:16.
A polêmica judaica sobre a descendência de Jesus
No entanto, muitos judeus hoje desafiam essa visão. Eles se baseiam em uma lenda judaica que sustenta que Maria cometeu adultério com um soldado chamado Panthera, resultando na nomeação pejorativa de Jesus como “Yeshu Ben-Panthera”. No entanto, esta interpretação é contestada com base na prática cultural judaica que sempre considerou a descendência legal como válida.
A adoção é um exemplo potente disso. No judaísmo, uma criança adotada é legalmente considerada o filho legítimo de seus pais adotivos e tem todos os direitos que acompanham essa posição, incluindo o direito a qualquer herança deixada por eles. Portanto, um argumento cristão seria que, semelhante à adoção, José sendo reconhecido como pai legal de Jesus faz dele um legitimo descendente de Davi.