Flexibilização nas LCAs aumenta participação de bancos privados no setor agrícola

A flexibilização nas Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) está impulsionando a participação dos bancos privados no setor agrícola. Em meio a poucos segmentos em crescimento, o agronegócio atrai o interesse de instituições financeiras privadas, advogados, securitizadoras e investidores do mercado de capitais que, anteriormente, evitavam lidar com os riscos associados ao campo, como secas ou pragas.

O crédito na cadeia agropecuária, outrora concentrado no Banco do Brasil e dependente de crédito subsidiado, agora expande-se em linhas comerciais com taxas de mercado. A busca por recursos no exterior e a captação de dinheiro através da emissão de dívida no mercado local também marcam essa mudança de paradigma.

Essa aposta reflete o desempenho do setor, que registrou um crescimento de 2,1% de janeiro a setembro de 2015, contrastando com a queda de 3,2% do PIB brasileiro no mesmo período. A agropecuária destaca-se como o único segmento com saldo positivo de vagas no ano anterior, gerando 9.821 postos de trabalho.

O setor agropecuário, antes associado a índices elevados de inadimplência, apresenta agora um índice menor que a média. A estratégia visa conquistar parte do financiamento atualmente nas mãos das grandes tradings e fornecedores de insumos, como fertilizantes, agroquímicos e sementes.

Tradicionalmente, as tradings e os fornecedores financiavam expressivas porcentagens do custeio das safras, mas os bancos agora visam competir por esse espaço. Enquanto as tradings captam em dólares com juros baixos no exterior, os bancos procuram estreitar relacionamentos com os produtores, incluindo gigantes como Bradesco, Itaú e Santander.

O Santander, por exemplo, priorizou o campo como uma das áreas-chave para concessão de crédito, contratando agrônomos para compreender as necessidades dos produtores. Além do capital de giro, os bancos visam fornecer serviços como cuidar da folha de pagamento, emitir cartões para trabalhadores rurais e financiar a exportação. A expansão para outros elos da cadeia do agronegócio, como indústria, comércio, transporte e distribuição, também está nos planos dessas instituições financeiras.

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