Muitas pessoas carregam dúvidas sobre a abordagem correta do relacionamento pré-matrimonial, especialmente no que diz respeito à atividades físicas entre o casal. A Bíblia, em Efésios 5:3, orienta: “Mas a prostituição, e toda a impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos.” Podemos interpretar que isto inclui qualquer comportamento que possa indicar imoralidade sexual. É válido ressaltar, entretanto, que a Bíblia não apresenta uma diretriz clara sobre quais atividades físicas são “permitidas” para um casal antes do casamento.
Diante desta indefinição, alguns podem argumentar que o silêncio da Bíblia significa uma aprovação tácita a atividades “pré-sexuais” antes do matrimônio. No entanto, é importante lembrar que o propósito das “preliminares” é preparar o casal para o ato sexual. Por essa lógica, qualquer coisa que seja considerada uma “preliminar” deve ser restrita ao casamento. Esta compreensão destaca a ideia central de que toda atividade sexual, ou que tenha essa conotação, se destina exclusivamente a casais (marido e esposa).
Então, quais são os limites para um casal pré-matrimonial?
É claro que esta é uma questão delicada, e que provoca muita controvérsia. De forma geral, um casal, antes do casamento, deve evitar atividades que possam levar à tentação sexual, que produzam aparência de imoralidade ou que possam ser interpretadas como “preliminares”. Algumas pessoas, incluindo eu, aconselhariam um casal a não ir além de trocas de carícias simples, como dar as mãos, abraçar e beijar “levemente” antes do matrimônio.
Mas por que manter essas restrições?
A razão para essa orientação é conseguir resguardar a singularidade e a exclusividade do relacionamento sexual no casamento. Quanto mais as experiências são compartilhadas exclusivamente entre marido e esposa, mais o relacionamento sexual dentro do matrimônio se torna especial e único. Esta premissa reforça a ideia de que o sexo não é apenas um ato físico, mas uma conexão profunda e especial entre marido e esposa. Restringir essas atividades ao casamento torna a intimidade sexual um componente único e exclusivo do matrimônio, trazendo-lhe ainda mais valor e significado.
Embora o sexo seja algo natural e necessário para a perpetuação da espécie humana, no contexto bíblico, esse ato é muito mais do que isso. É uma expressão de amor, intimidade, devotamento e compromisso – elementos essenciais para um casamento saudável e bem-sucedido. Por isso, é preciso avaliar cautelosamente o impacto das atividades físicas antes do casamento, a fim de proteger o valor sagrado e único da intimidade sexual dentro do casamento.
Como lidar com a delicadeza das carícias no namoro?
Quando enfrentamos a questão das carícias no namoro, somos apresentados a um esquema bem útil pelo Padre Antonio Royo Marín, O. P., em sua obra Teología Moral para Seglares. Ele fala sobre a importância da intenção por trás dos beijos e abraços, mas alerta que não é apenas a intenção que define o pecado.
De acordo com Marín, devemos ter em mente que o amor acontece entre dois sujeitos, e não entre um sujeito e um objeto. Essa é uma ideia que a Igreja sempre busca reforçar, pois alinha-se com o princípio de que as pessoas, especialmente as que mais amamos, não devem ser transformadas em coisas.
Como caminhamos rumo ao Reino de Deus?
Este contexto nos leva a conclusão de que, para caminharmos com firmeza e decisão rumo ao Reino de Deus, prometido aos puros de coração, devemos respeitar a alma do próximo. E mais do que isso, seu corpo como um templo do Espírito Santo. Portanto, é fundamental o respeito aos limites pessoais, autoconhecimento e diálogo no relacionamento, para que as ações de carinho e intimidade não ultrapassem fronteiras indesejadas e transformem o amor em algo que não deveria ser.