O telescópio espacial James Webb tem se destacado como uma ferramenta valiosa para a astronomia, revelando informações significativas sobre o universo em constante expansão. Em uma recente descoberta descrita em um artigo da Nature, datado de 14 de fevereiro, astrônomos identificaram um buraco negro supermassivo de tonalidade vermelha, remontando a uma época em que o Universo contava com apenas cerca de 700 milhões de anos.
Chamado de Abell2744-QSO1, esse fenômeno avermelhado permanece encoberto por um véu espesso de poeira, evidenciando-se como um ponto compacto de cor vermelha nas imagens capturadas pelo programa UNCOVER. Lukas Furtak, líder do estudo e pesquisador de pós-doutorado da Universidade Ben-Gurion do Neguev, compartilha que a aparência peculiar desses pontos vermelhos levou os cientistas a suspeitar que estavam diante de um objeto semelhante a um quasar.
Os quasares, núcleos ativos e brilhantes de galáxias, são alimentados por buracos negros supermassivos localizados em seus centros. A radiação emitida por esses buracos negros é responsável pelo brilho intenso observado nos quasares. No entanto, o Abell2744-QSO1 apresenta uma particularidade intrigante – está oculto por uma densa cortina de poeira, obscurecendo parte significativa de sua luz.
Ao analisar a velocidade do gás orbitando o buraco negro, os astrônomos observaram fenômenos distintos devido ao efeito Doppler. Esse deslocamento para o vermelho e azul da luz emitida pelo material acumulado ofereceu pistas cruciais sobre a natureza do objeto. Após minuciosas análises, incluindo a avaliação da cor e do tamanho do Abell2744-QSO1, os cientistas concluíram que os três pontos vermelhos identificados eram, na verdade, um único buraco negro supermassivo.
Rachel Bezanson, coautora da pesquisa, destaca que o Abell2744-QSO1 diferencia-se de outros quasares da mesma época, exibindo características únicas. Além disso, observou-se que esse buraco negro está passando por uma fase de rápido crescimento, apresentando uma massa notavelmente alta em comparação com a galáxia hospedeira. Jenny Greene, pesquisadora da Universidade de Princeton e uma das líderes do estudo, destaca que o buraco negro representa pelo menos 1% da massa total do sistema.
A descoberta suscita questões intrigantes sobre o crescimento dos buracos negros e a interação complexa entre esses fenômenos e as galáxias hospedeiras no início do Universo. Greene ressalta que outros buracos negros supermassivos da mesma época exibem comportamentos semelhantes, lançando luz sobre aspectos ainda não totalmente compreendidos dessa interação.
Com a promessa de mais dados provenientes do telescópio espacial James Webb, os astrônomos aguardam ansiosamente a oportunidade de aprofundar sua compreensão sobre esses fenômenos cósmicos e suas implicações para a evolução do Universo.