A situação em Sudão continua preocupante e muitas pessoas estão sendo afetadas pela violência e deslocamento. Segundo o Departamento de Estado dos Estados Unidos, o país africano está passando por um cenário de guerra e limpeza étnica, uma descrição grave que chama a atenção do mundo inteiro. Mesmo sem acarretar consequências diretas, tal designação aponta para a gravidade dos fatos vividos em Sudão.
A guerra, que já está em seu oitavo mês, tem consequências devastadoras. São mais de seis milhões de pessoas deslocadas, além de, pelo menos, 12 mil vidas perdidas. Entretanto, os grupos internacionais de ajuda que tentam minimizar esses efeitos devastadores, também encontram muitas dificuldades. Burocracia, enfrentamento a grupos beligerantes e outras barreiras têm dificultado as ações de socorro.
O Desafio do Acesso à Ajuda Humanitária
Neste contexto, torna-se urgente explorar caminhos alternativos para a prestação de assistência vital. Os métodos tradicionais de distribuição de ajuda, que envolvem ONGs internacionais e programas de assistência de governos estrangeiros, já não estão surtindo efeito. No Sudão, a competência para lidar com essa crise, infelizmente, tem que ir além do comum.
Qual é o papel dos Trabalhadores do Evangelho para a assistência no Sudão?
Uma das alternativas encontradas foi a ativação dos trabalhadores do Evangelho. Segundo John (nome fictício para preservar a identidade), um destes trabalhadores, organizações maiores estão buscando distribuir pequenas quantidades de ajuda por meio de grupos locais no Sudão. Entretanto, nem tudo são flores. Alguns destes “comitês” locais, por serem islâmicos, quando descobrem que alguém se converteu ao Cristianismo a partir do Islã, não lhes dão comida, seja ela fornecida pela ONU ou por algum outro grupo.
Data de 2023, a discriminação religiosa torna a situação ainda mais complicada e preocupante. Por isso, os trabalhadores do Evangelho decidiram agir. Eles têm distribuído ajuda alimentar e incentivado pessoas que perderam tudo. “Duzentos graduados de nossa escola de missão, de 25 tribos, fazem parte das equipes em seis locais onde há refugiados. Fazemos isso desde o início da guerra por meio de 28 redes de igrejas domésticas. Eles não têm muita ajuda, mas podem conseguir uma refeição”, relata John
A Perseguição aos Cristãos no Sudão
O Sudão tem uma longa história de perseguição à minoria cristã. Essa situação foi ainda mais agravada pelo golpe militar em outubro de 2021. Posteriormente, o país enfrenta uma série de desafios, pois a instabilidade e agitação constante no país tem aumentado a perseguição e a discriminação contra os cristãos.
Apesar das tentativas iniciais do atual governo de transição de introduzir políticas que garantem os direitos humanos básicos para todos, a situação ainda é crítica. Isso ocorre porque as tensões políticas e sociais resultaram na renúncia do primeiro-ministro Abdallah Hamdok em 2022, aumentando ainda mais o medo de um retorno aos anos autoritários de dominação islâmica do antigo presidente, Omar al-Bashir.
Qual é o contexto da perseguição?
O status dos cristãos no Sudão é cada vez mais precário. Mesmo com a pena de morte por apostasia do Islã sendo abolida, teme-se que essa punição possa ser restabelecida. Além disso, a atitude social em relação aos cristãos não mudou, especialmente em áreas fora da capital, Cartum. Os convertidos do Islã enfrentam inúmeros perigos, incluindo agressão sexual, violência doméstica, prisão e até mesmo morte. Desde o golpe militar, quatro igrejas foram fechadas à força e, mesmo com algumas reformas legais, igrejas e terras confiscadas não foram devolvidas aos proprietários cristãos.
Adicionalmente, a perseguição aos cristãos no Sudão toma várias formas. Isso inclui opressão islâmica, paranoia ditatorial, corrupção e crime organizado, bem como opressão de clãs. Suas fontes incluem líderes religiosos não cristãos, grupos religiosos violentos, redes criminosas, oficiais do governo, partidos políticos, líderes de grupos étnicos e cidadãos comuns.
Como os cristãos são tratados no Sudão?
As minorias cristãs no Sudão enfrentam constantes dificuldades e desafios. Aqueles que se converteram do Islã são os mais vulneráveis, já recebendo a pena de morte no passado por sua nova fé. Na geografia do Sudão, a pressão e violência os cristãos são particularmente intensas fora da capital, Cartum, especialmente nas regiões de Darfur, Montanhas Nuba e Nilo Azul, onde ocorrem constantes conflitos armados.
Mulheres e meninas cristãs são particularmente vulneráveis a abuso sexual, violência doméstica e casamentos forçados. Converter-se do Islã para o Cristianismo é visto como trazer vergonha para a família e pode resultar em prisão e perda de direitos de herança.