Nós tivemos uma conversa intrigante e chocante com Robson Fonseca da Silva, um ex-pastor da Igreja Universal do Reino de Deus. Silva fez denúncias graves sobre práticas da denominação, incluindo restrições de peso impostas aos pastores e a proibição de casamentos inter-raciais.
De acordo com o ex-pastor, ele era constantemente cobrado para manter seu peso sob controle. Silva estava pesando 124,6 quilos, um valor considerado acima do padrão estabelecido pela Igreja Universal. Ele relatou que a entidade religiosa cobrava de seus membros a manutenção de um peso considerado ideal, com exigências de envio de fotos da balança a cada 15 dias para um bispo encarregado. Revelou ainda, que essas cobranças se davam por meio de comunicações no WhatsApp com o bispo Josué Amorim, responsável pela Universal no Piauí.
Racismo Institucional?
Ainda de acordo com Silva, a Igreja Universal proíbe casamentos inter-raciais entre seus pastores. Uma afirmação que chocou bastante, pois de acordo com seus relatos, um pastor foi demitido por ser casado com uma mulher de outra raça. Essa evidência leva a questionar se existe uma prática de racismo institucional dentro da produção eclesiástica.
O que levou o ex-pastor a deixar a Igreja Universal?
Silva, dedicou 24 anos de sua vida ao pastorado. Decidiu se afastar da igreja após notar uma mudança no direcionamento da instituição. Segundo ele, a ênfase em ganhar almas foi substituída por um foco maior na aquisição de empresas e na extração de valores dos fiéis. Um quadro que, para ele, contradiz os princípios fundamentais que a igreja deveria representar.
Atualmente, o ex-pastor está envolvido em um processo trabalhista contra a Igreja Universal, que alega ter sido injustamente demitido. O caso ainda prossegue e as denúncias apresentadas por Silva certamente abriram uma caixa de Pandora sobre as práticas dentro da Igreja Universal. Se comprovadas, será um golpe significativo para a imagem de uma das maiores denominações religiosas presentes no Brasil.
Nossa redação tentou contato com a Igreja Universal do Reino de Deus, mas até o fechamento desta matéria, não haviamos obtido resposta.
Foco na aparência e cobranças abusivas
Silva alega que as cobranças em relação ao seu peso eram contínuas e partiam das lideranças da igreja. De acordo com ele, essas pressões iam além da preocupação com a saúde, chegando ao ponto de gerar humilhação. Sua decisão de se desligar da Igreja veio quando os objetivos da instituição pareciam desviar da pregação em prol da aquisição de empresas e da extração de mais valores dos fiéis.
Discriminação e gordofobia
Para Robson, a discriminação em relação ao peso foi o mais abalador. Aos seus olhos, a gordofobia, ou seja, o preconceito e discriminação contra pessoas gordas, tornou-se uma prática comum na Igreja Universal. Silva conta que outros pastores que eram considerados obesos sofriam a mesma pressão e cobranças.
Universal nega as acusações
Perguntada sobre as denúncias, a Igreja Universal do Reino de Deus as recusou categoricamente. Afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que, como maior vítima do preconceito religioso no Brasil, repudia e combate toda forma de discriminação. Além disso, citou que a atividade pastoral na instituição é uma vocação, e não um emprego, reafirmando que todos que se dedicam à Obra de Deus o fazem de forma voluntária e devido ao chamado divino.
Independentemente das acusações e desmentidos, o relato do ex-pastor Robson Fonseca da Silva destaca os perigos potenciais de uma cultura de gordofobia e discriminação. É urgente a necessidade de mudar a conversa em torno do corpo e do peso, evitando a estigmatização e focando na aceitação do corpo e na saúde em todas as suas formas.