Nos últimos anos, a automação tem vindo a ser cada vez mais adotada no setor de máquinas agrícolas. Se você esteve no recém concluído 27º Agrishow, em Ribeirão Preto, São Paulo, você provavelmente sentiu uma mudança de vento. O futuro da agricultura parece estar sustentado em robôs e máquinas inteligentes.
Enquanto expectadores, podemos apenas achar que a introdução destes avanços poderia marcar o fim da carreira de um operador de máquinas agrícolas. Mas a realidade é que essa transição para a automação completa é um processo gradual e muito mais complexo do que aparenta.
Automação em máquinas agrícolas está mais próxima do que nunca?
A Case IH, uma marca líder da CNH Industrial, já se adiantou neste campo. Eles apresentaram na mesma Agrishow de 2017 um protótipo de trator sem cabine, que pode ser manejado remotamente via tablet. Mas essa é só mais uma etapa no processo, que vai além de apenas remover a necessidade de um operador.
Conforme o vice-presidente da Case IH para a América Latina, Christian Gonzalez, o Brasil, sendo uma das maiores potências agrícolas globais, possui características favoráveis para a adoção desses equipamentos autônomos. Entre elas estão a escassez de mão de obra e as operações de grande escala, principalmente na região Centro-Oeste.
Futuro dos operadores de máquinas agrícolas
Os especialistas preveem que até o final desta década, cerca de 30% das máquinas agrícolas terão algum nível avançado de automação. Isso não significa necessariamente que o operador será completamente eliminado do processo. Segundo o diretor de Marketing da Fendt Valtra, Fábio Dotto, o operador não será substituído, mas sim, terá sua eficiência melhorada graças a essa interface mais automatizada.
Os operadores se transformarão em gestores de equipamentos agrícolas, com acesso à informação em tempo real para tornar a agricultura ainda mais eficiente e precisa. Embora esteja claro que um dia isso acontecerá, o prazo para quando os operadores deixarão totalmente as cabines ainda é incerto.
Enquanto isso, a implementação da automação nas fazendas continua de forma gradual e monitorada. A Jacto, por exemplo, apresentou um pulverizador totalmente autônomo na Agrishow para uso na citricultura. Embora ainda não esteja disponível para venda, o equipamento já opera no Brasil, sendo alugado para uso em fazendas.
Rodrigo Madeira, gestor de negócios da Jacto, destaca que o treinamento dos operadores é vital nesse processo de transição, ensinando-os a lidar com a nova tecnologia. Isso permite que os trabalhadores se tornem gestores das máquinas, em vez de serem simplesmente substituídos por elas.
Na visão de Madeira, a substituição maciça dos trabalhadores não está próxima. Ele enxerga a automação como o próximo grande salto evolutivo no setor agrícola, tornando o trabalho no campo exigente e mais gerencial.
Portanto, ainda que a automação esteja ganhando terreno no mundo das máquinas agrícolas, é fundamental lembrar que essa é uma revolução gradual. Os operadores não estão com os dias contados, pelo contrário, eles estão se preparando para gerenciar uma nova era da agricultura.