Os dados econômicos vêm apontando para uma desaceleração da China, o que preocupa o mercado. Ontem, acabou a reunião do Politburo — o comitê central do partido comunista — na China e o mercado reagiu bem à promessa de estímulos econômicos e para impulsionar o consumo na região. As bolsas chinesas subiram mais de 2% nesta quarta-feira (31), lideradas pelos setores de consumo e tecnologia.
O governo chinês prometeu fazer “ajustes anticíclicos” durante o restante de 2024 para atingir uma meta de crescimento econômico de aproximadamente 5% para o ano — sem especificar quais seriam essas medidas. Ao invés de se voltar para projetos de infraestrutura, desta vez, a China parece estar interessada em direcionar aos consumidores para expandir a demanda interna.
Medidas de Estímulo Econômico na China
Segundo o Politburo, as medidas devem aumentar a renda da população e a “capacidade e disposição” dos grupos de baixa e média renda para gastar. Apesar das promessas do governo chinês, Richard Tang, analista de ações na Ásia da Julius Baer, afirma que a reunião do Politburo não trouxe grandes surpresas, sendo que as conclusões do encontro estão amplamente alinhadas com as expectativas do mercado.
“A autoridade reconheceu que a demanda doméstica está fraca, mas continua comprometida com a meta de crescimento do PIB de ‘cerca de 5%’, por isso, mais políticas anticíclicas. Acreditamos que isso implica que as medidas de estímulo serão intensificadas no segundo semestre de 2024,” comenta Tang.
O Que Está Por Trás da Desaceleração Econômica na China?
Os dados econômicos vêm apontando para uma desaceleração da China, o que preocupa o mercado. O Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, caiu para 4,7% no segundo trimestre em relação ao ano passado — abaixo da previsão de crescimento de 5% para o ano. Além disso, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês), que mede a atividade industrial, registra declínio pelo terceiro mês consecutivo.
Quais São os Próximos Passos do Governo Chinês?
O desempenho econômico mais fraco do que o esperado levou Matheus Spiess, estrategista da Empiricus, a destacar a necessidade de novas medidas de estímulo econômico. “Embora os dados de julho indiquem uma fraqueza persistente na atividade, esses resultados aumentaram as expectativas de que o governo chinês precisará adotar novas medidas de estímulo econômico,” afirma Spiess.
Spiess acrescenta que a expectativa foi reforçada após o presidente Xi Jinping afirmar que os mercados teriam um “papel decisivo” na alocação de recursos. No entanto, ações recentes dos reguladores chineses contradizem essa declaração. O Banco Popular da China (PBOC) implementou o controle da curva de juros, uma estratégia semelhante à utilizada pelo Japão para orientar as taxas de juros de curto e longo prazo.
Além disso, intervenções artificiais, como a restrição das operações de vendas a descoberto no mercado de ações, devem ser evitadas em favor de medidas que promovam a autonomia decisória dos agentes econômicos. “A tendência intervencionista da China em gerenciar seus mercados pode limitar a participação mais ampla e a confiança dos investidores internacionais,” conclui Spiess.
Indicadores Econômicos que Merecem Atenção
- Produto Interno Bruto (PIB): Queda para 4,7% no segundo trimestre de 2024, abaixo da meta de 5% para o ano.
- Índice de Gerentes de Compras (PMI): Declínio pelo terceiro mês consecutivo, indicando contração no setor industrial.
- PMI de Serviços: Redução de 50,5 para 50,2 pontos, sinalizando um crescimento fraco neste setor.
Esses indicadores mostram um quadro geral de desaceleração, o que pressiona o governo chinês a intensificar suas políticas de estímulo. As promessas do Politburo e as expectativas do mercado mostram uma direção clara, mas resta ver se as medidas serão suficientes para reverter a queda econômica.