A dependência do Brasil em relação à China nas exportações de grãos tem aumentado, gerando preocupações entre especialistas. Em 2023, a China importou 75% da soja brasileira vendida no exterior, um aumento em relação aos 69% do ano anterior. Esse cenário se repete também no mercado de milho, com o gigante asiático se tornando o principal destino do produto brasileiro no cenário internacional.
Sérgio Mendes, diretor geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), destaca que, embora haja discussões sobre a diversificação de destinos, a China continua sendo um parceiro crucial para o Brasil no comércio de soja. A dependência é evidente nos números, com a China adquirindo 60,6% da soja exportada globalmente no ano passado, conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Ainda que seja mencionada a necessidade de buscar alternativas de compradores para a soja brasileira, especialistas apontam a dificuldade de encontrar importadores com peso equivalente ao da China. A dependência persiste, e a perspectiva é de que a demanda chinesa permaneça firme nos próximos anos, mesmo com investimentos locais em novas cultivares.
A dependência do Brasil nas exportações de grãos para a China é considerada uma situação desafiadora e duradoura. Fabio Silveira, sócio-diretor da MacroSetor Consultores, destaca a necessidade de uma política de Estado voltada para a diversificação de produtos agrícolas, com investimentos sólidos em pesquisa agrícola.
O setor de milho também entra em foco, com o Brasil enviando efetivamente milho para a China em 2023, superando expectativas. O país asiático adquiriu 31% do total de milho exportado pelo Brasil, tornando-se o maior exportador para a China nesse segmento, desbancando os Estados Unidos.
Embora haja um cenário de incerteza para o futuro, com previsões de menor colheita de milho no Brasil e uma recuperação nos Estados Unidos, especialistas enfatizam a importância de ampliar o comércio com outros países da Ásia e buscar novos parceiros comerciais. Índia, Bangladesh, Rússia e países do Oriente Médio são citados como destinos interessantes para os grãos brasileiros, visando reduzir a dependência excessiva da China nas exportações.