Café fica 14% mais caro por causa de seca e queimadas
As mudanças climáticas têm demonstrado efeitos significativos em várias partes do mundo, e o agronegócio brasileiro não está imune a essas transformações. Em 2024, o Brasil vive uma seca prolongada e frequentes queimadas, intensificando problemas já existentes na produção agrícola. Isso tem repercutido no aumento dos preços de produtos essenciais, como feijão, carnes e café, que teve aumento de 14,4%.
De acordo com um levantamento exclusivo da Neogrid para a CNN, o número crescente de incêndios em agosto passado gerou um impacto direto nos preços das commodities agrícolas.
As carnes, especialmente a carne bovina, têm visto um aumento acentuado em seus preços. Entre agosto e setembro, a picanha, por exemplo, teve um aumento de 43,5% em seu valor de mercado.
Como a seca e as queimadas estão afetando a produção agrícola
A situação de seca prolongada e queimadas no Brasil tem causado destruição nas áreas de pastagens e campos agrícolas. Segundo dados da MapBiomas, o território destruído por fogos em agosto foi equivalente ao tamanho do estado da Paraíba. Grande parte dessas áreas eram usadas para pecuária, o que impacta diretamente o custo de produção de carnes e laticínios.
O aumento dos preços dos alimentos está associado a uma série de fatores. Um deles é a transição para o confinamento do gado, um método que, embora necessário, acarreta custos operacionais mais elevados. Isso reflete inevitavelmente no preço final das carnes e dos produtos lácteos no mercado consumidor.
Perdas nas colheitas
Com a crise climática, as colheitas também estão sendo diretamente afetadas. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), só no estado de São Paulo, cerca de 230 mil hectares de plantações de cana-de-açúcar foram devastados em agosto, o que representa 75% da produção estadual. Tal perda tem levado a um aumento no preço do açúcar refinado.
O impacto econômico não se limita ao açúcar. Produtos como o café e o feijão também estão sofrendo. Entre agosto e setembro, houve um aumento de 14,4% e 22,1% nos preços de seus subprodutos, respectivamente. Esse cenário está sendo agravado pela antecipação da entressafra, provocando uma redução significativa nas colheitas.
Com a previsão de que as condições climáticas adversas persistirão, estima-se que os custos de produção dos alimentos continuarão a subir. A persistência da seca e das queimadas representa um desafio significativo para os produtores, que devem adaptar suas melhores práticas agrícolas para responder às novas condições climáticas.