Uma teoria controversa, com cerca de cinquenta anos, sugere que os buracos negros supermassivos, estruturas monumentais que se escondem no coração de quase todas as galáxias, na verdade nasceram no início dos tempos.
Esses gigantes cósmicos, invisíveis porque não emitem luz, podem estar por trás de uma série de fenômenos estranhos que desafiam explicação satisfatória. É possível que os buracos negros supermassivos até representem a misteriosa “matéria escura”, cuja identidade permanece um dos grandes enigmas da astrofísica.
Essa hipótese, embora ainda discutida, ganhou força após sinais intrigantes captados no final de 2015 pelo Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferometria a Laser (LIGO). Essas pistas sugeriam a colisão de buracos negros massivos, de um peso muito maior do que se esperava. Isso colocou a comunidade científica em polvorosa, levantando a possibilidade de que esses sinais pudessem ser evidência de buracos negros primordiais.
O que são buracos negros primordiais?
Buracos negros tradicionais surgem da morte de estrelas massivas. Quando uma estrela grande chega ao fim de sua vida, ela colapsa e explode em uma supernova, deixando um núcleo denso que se transforma em um buraco negro. No entanto, na década de 1970, o renomado físico Stephen Hawking e seu aluno de doutorado Bernard Carr propuseram uma outra possibilidade: a existência de buracos negros que teriam sido formados logo após o Big Bang. A partir da energia inicial que inundava o cosmos, um enxame de buracos negros poderia ter se formado em uma fração de segundo após o nascimento do Universo.
Essa teoria, apoiada pela matemática e pela teoria, porém nunca definitivamente observada, cativou os físicos por quase meio século. Embora não seja indiscutível, alguns acreditam que buracos negros primordiais podem de fato constituir uma fracção significantiva da matéria escura do universo.
A busca por mais evidências
Os sinais captados pelo LIGO e pelo seu homólogo europeu, Virgo, em 2015 despertaram um interesse renovado pela ideia de buracos negros primordiais, resultando em centenas de artigos publicados sobre o assunto nos últimos cinco anos. No entanto, a falta de evidências conclusivas fez com que a comunidade científica permaneça cética. Ainda assim, os defensores da teoria estão ansiosamente à espera de novos projetos de pesquisa que possam trazer mais luz aos mistérios universais.
Ao mesmo tempo, novos modelos teóricos apontam para a possibilidade de que múltiplos tamanhos de buracos negros primordiais, além daqueles detectados pelo LIGO, podem somar o suficiente para explicar a quantidade de matéria escura no universo. Novos instrumentos de pesquisa, como o Observatório Vera C. Rubin, que iniciará suas operações em 2023, também serão fundamentais para essa busca. Assim, os cientistas poderão finalmente confirmar ou refutar a existência desses monstros cósmicos.
Enquanto isso, os teóricos continuam a explorar todas as possíveis aplicações da matéria escura, incluindo a possibilidade de sua origem estar entrelaçada com a existência desses buracos negros primordiais. Em um universo tão vasto e complexo, são necessários todos os esforços para desvendar os seus mistérios.