A missão Hayabusa2, realizada pelo Japão, trouxe consigo amostras preciosas do asteroide próximo à Terra, 162173 Ryugu, em dezembro de 2020. Essas amostras são como cápsulas do tempo que podem oferecer informações cruciais sobre as condições do Sistema Solar em seus primórdios, aproximadamente 4,6 bilhões de anos atrás.
O interesse particular dos cientistas está em entender como as moléculas orgânicas eram distribuídas pelo Sistema Solar logo após sua formação, uma pista valiosa sobre a origem da vida. As amostras já revelaram mais de 20 aminoácidos, vitamina B3 (niacina) e até poeira interestelar.
Um estudo recente liderado por uma equipe da Universidade de Tohoku revelou que as amostras também contêm evidências de impactos de micrometeoroides. Esses micrometeoroides provavelmente vieram de cometas, contendo materiais carbonáceos semelhantes à matéria orgânica encontrada em poeira cometária antiga.
O Ryugu, por não ter atmosfera protetora, preserva cuidadosamente as crateras causadas por impactos passados. Esses impactos intensos geram respingos de derretimento, que solidificam rapidamente no vácuo do espaço, preservando informações valiosas sobre a história do asteroide.
As amostras de Ryugu revelaram respingos de derretimento variando em tamanho de 5 a 20 micrômetros, compostos por vidros de silicato com vazios e inclusões de sulfetos esféricos de ferro. A análise química sugere que esses respingos são compostos por materiais carbonáceos semelhantes à matéria orgânica cometária.
A equipe propõe que esses materiais carbonáceos se formaram a partir da matéria orgânica cometária, indicando que a matéria cometária foi transportada para a região próxima da Terra a partir do sistema solar exterior. Essa descoberta sugere que esses materiais orgânicos podem ser as pequenas sementes de vida que foram trazidas do espaço para a Terra.
Enquanto os cientistas continuam a estudar as amostras de Ryugu, a missão OSIRIS-REx da NASA também forneceu amostras do asteroide Bennu, outro próximo à Terra. A análise dessas amostras promete revelar mais sobre a evolução do nosso Sistema Solar e as origens da vida na Terra. O estudo desses pequenos corpos celestes oferece uma visão única sobre os mistérios do cosmos e nosso próprio planeta.