Em meio às recentes ameaças de ataque pelo Irã após o assassinato do líder do Hamas, judeus em Israel estão se reunindo para orar e jejuar, intensificando seus sentimentos de vulnerabilidade. Conforme reportado pelo The Times of Israel, o dia do jejum anual, conhecido como Tisha B’Av, começou ao pôr do sol de segunda-feira (12) e se estenderá até o anoitecer desta terça-feira (13).
Durante o Tisha B’Av, os israelenses lamentam a destruição dos antigos templos de Jerusalém e refletem sobre como as lutas internas podem levar à própria destruição. Este é um período de muita introspecção e lembrança sobre a importância da unidade nacional para os judeus.
Ameaças Durante Tisha B’Av
Analistas afirmam que o Irã tem conhecimento profundo do calendário judaico e poderia escolher o Tisha B’Av, dada sua significância ao povo judeu, para coordenar um ataque. Isso não seria uma novidade; no passado, inimigos de Israel já atacaram em datas comemorativas, como na Guerra do Yom Kippur, em 1973, quando a nação israelense foi surpreendida em pleno jejum e orações nas sinagogas.
Exemplos disso também incluem o bombardeio do centro judaico AMIA em Buenos Aires durante o Tisha B’Av em anos anteriores. A história de ataques durante datas significativas reforça os temores de que tragédias possam se repetir.
Por que os israelenses temem tanto pelo Tisha B’Av?
Agora, judeus em todo o mundo expressam suas preocupações sobre o que pode vir a acontecer no dia de lamentação. “Me sinto mal ao entrar em Tisha B’Av este ano – o dia mais triste do calendário judaico que começa hoje à noite”, desabafou o cantor Scott Borsky em uma postagem no Facebook.
“Os israelenses e o mundo se preparam para a resposta do Irã ao assassinato do líder do Hamas. Fontes de inteligência ocidentais indicam que isso pode acontecer em Tisha B’Av”. Além das ameaças externas, o povo israelense lida com tensões políticas internas crescentes e divisões sociais.
Como as tensões internas estão agravando a situação?
A israelense Dina Epshtein também compartilhou seu temor, afirmando: “Eu me pego sentada e preocupada – e não por causa da ameaça do Irã ou do Líbano, mas por causa do que nos tornamos. Por causa da legitimidade que demos ao ódio intransigente”. Esses sentimentos refletem a intensa introspecção dos israelenses durante o Tisha B’Av.
Alguns israelenses disseram que relembrar a história da destruição do primeiro templo teve um significado mais forte neste Tisha B’Av, devido aos ataques recentes de 7 de outubro. “Nos últimos anos, li [o livro de Lamentações] sobre estupro de mulheres e sequestro de crianças, e me conectei a isso como um exagero poético. Este ano vivemos o exagero – inimigos que praticavam esses mesmos níveis de crueldade. Ajuda lembrar que nosso povo já esteve aqui antes e sobreviveu”, refletiu a rabina Leah Sarna no Instagram.
Conflito Regional à Vista?
As forças israelenses permanecem em estado de alerta máximo, preparadas para possíveis retaliações do Irã e seus aliados após a eliminação do principal líder do Hamas no mês passado. Na noite de domingo (11), o Hezbollah lançou uma série de foguetes em direção ao norte de Israel, exacerbando os temores de um ataque iminente.
Desde o início da guerra em Gaza, o lançamento de foguetes contra Israel por militantes do Hezbollah apoiados pelo Irã, a partir do sul do Líbano, tornou-se quase uma ocorrência diária. Esse aumento de ataques intensifica os temores de que um potencial ataque iraniano possa evoluir para um conflito regional mais amplo.
Em resposta, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, deslocou um submarino com mísseis guiados ao Oriente Médio e acelerou a chegada de um grupo de ataque de porta-aviões à região, em antecipação a um possível ataque iraniano contra Israel, de acordo com comunicado do Pentágono.
O anúncio foi feito após uma ligação entre o secretário de Defesa dos EUA e seu homólogo israelense, Yoav Gallant. Essas movimentações sublinham a gravidade da situação e a preparação de ambos os países para enfrentar qualquer ameaça iminente.
Em meio a todo esse caos, o Tisha B’Av deste ano se torna não apenas um momento de reflexão e oração, mas também um alerta sobre as complexas e perigosas realidades enfrentadas por Israel. A história tem mostrado que o povo judeu sobreviveu a muitas adversidades, e, com sorte, esse ano não será diferente.