O Observatório Europeu do Sul (ESO) atingiu um marco crucial na construção do Extremely Large Telescope (ELT) ao receber os primeiros 18 segmentos do espelho principal do telescópio (M1). Esses segmentos, após chegarem ao Chile, serão transportados para as Instalações Técnicas do ELT, no Observatório do Paranal do ESO, no deserto do Atacama, onde serão preparados para a instalação na estrutura principal do telescópio. Com um diâmetro impressionante de mais de 39 metros, este espelho será o maior do mundo.
A fabricação do M1 é uma tarefa complexa, impossível de ser realizada em uma única peça. Assim, o espelho será composto por 798 segmentos individuais organizados em um vasto padrão hexagonal. Além disso, 133 segmentos adicionais estão sendo fabricados para facilitar o revestimento desses segmentos individuais. Esse design inovador e complexo destaca a engenhosidade por trás da construção do ELT.
A etapa final do processo de fabrico dos segmentos M1, o polimento, foi realizada pela Safran Reosc, líder mundial em sistemas ópticos. Localizada perto de Poitiers, na França, a empresa remodelou completamente um edifício para essa delicada tarefa. Utilizando técnicas avançadas, como figuração por feixe de íons, a Safran Reosc garantiu que as irregularidades na superfície do espelho fossem inferiores a 10 nanômetros. Esse nível impressionante de precisão destaca a inovação e a excelência técnica envolvidas no projeto.
Embora apenas 18 segmentos tenham sido entregues até agora, a Safran Reosc demonstrou uma notável taxa de produção, com mais de quatro segmentos produzidos por semana e planos de atingir cinco por semana em breve. O processo de inspeção rigorosa antes da entrega final destaca o comprometimento com os mais elevados padrões de qualidade.
O caráter internacional do empreendimento é evidente na colaboração estreita entre empresas na Europa e no Chile, juntamente com as equipes do ESO. Desde a fusão dos segmentos pela empresa alemã SCHOTT até o transporte pela empresa dinamarquesa DSV, várias empresas desempenharam papéis cruciais. O envolvimento de especialistas em diferentes aspectos, como a produção de suportes delicados, sensores de precisão nanométrica e atuadores, destaca a complexidade e a colaboração internacional por trás do projeto.
Os 18 segmentos polidos do espelho agora estão a caminho do deserto chileno do Atacama, em uma jornada de mais de 10.000 km. É nesse local que o ELT, ao entrar em operação no final desta década, enfrentará os maiores desafios astronômicos de nossa época, prometendo descobertas que, por enquanto, são apenas objeto de nossa imaginação. O telescópio será uma ferramenta crucial para explorar e compreender os mistérios do cosmos.