Decisão do Copom manter Selic frustra mercado

A mais recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,5% ao ano não causou grande surpresa. Contudo, essa escolha gerou desapontamento entre economistas e especialistas do mercado financeiro, que veem a medida como um entrave ao crescimento econômico do Brasil.

De acordo com o economista Fernando Sarti, do Instituto de Economia da Unicamp, a decisão de manter a Selic inalterada baseia-se em justificativas que ele considera como “muletas”. Sarti destacou que o cenário internacional adverso, frequentemente usado pelo Banco Central como justificativa, não demonstra sinais de significativas mudanças que possam impedir uma política monetária mais flexível.

Impacto da Manutenção da Selic em 10,5%

O Banco Central, em seu comunicado, mencionou a incerteza sobre a política monetária dos Estados Unidos e as dinâmicas de atividade e inflação em diversos países como fatores influenciadores. No contexto doméstico, o BC apontou que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho mostram mais dinamismo do que o esperado, o que sustentou a decisão de manter a Selic nesse patamar.

Apesar desses argumentos, Fernando Sarti argumenta que o Brasil se vê preso em um ciclo vicioso. Com uma inflação estimada pelo Boletim Focus para 2024 em 4,10%, acima da meta central de 3%, e uma taxa de desemprego de 6,9% no segundo trimestre de 2024, ele acredita que a taxa de juros atual pode desacelerar o crescimento econômico e afetar negativamente o emprego.

Qual o Futuro da Política Monetária no Brasil?

Para Sarti, a hipótese de uma redução na taxa de juros no curto prazo é improvável. O comunicado do Banco Central reforça que os fatores considerados demandam “acompanhamento diligente e ainda maior cautela”, sugerindo que qualquer ajuste futuro será realizado com extrema prudência. Isso indica que, sem uma mudança significativa nos critérios do Banco Central, o Brasil continuará enfrentando desafios econômicos substanciais.

Além disso, o Brasil figura atualmente como o terceiro país com a maior taxa real de juros no mundo, atrás apenas da Turquia e Rússia. Esse ranking, atualizado pela consultoria MoneYou, insere o Brasil em uma lista que inclui México, África do Sul, Indonésia, entre outros. Para especialistas, essa posição é sintomática das dificuldades que o país enfrenta para alinhar crescimento econômico e controle da inflação.

Manutenção da Selic: Prós e Contras

Existem diferentes argumentos para a manutenção da Selic em 10,5%. Segue uma lista dos principais prós e contras discutidos entre economistas:

  • Prós:
    • Controle da inflação: Taxas de juros elevadas ajudam a conter a inflação, que ainda está acima da meta central.
    • Estabilidade financeira: Manter a Selic alta pode ser visto como uma medida para garantir a estabilidade em um cenário internacional incerto.
  • Contras:
    • Desaceleração do crescimento: Taxas de juros altas podem dificultar o acesso ao crédito, inibindo o crescimento econômico.
    • Impacto no emprego: Com o crescimento econômico prejudicado, a capacidade de gerar novos empregos também é afetada.

Com essas considerações, fica claro que a decisão do Copom de manter a Selic em 10,5% é complexa e envolve ponderações entre diferentes interesses e desafios econômicos. O futuro da política monetária no Brasil dependerá de como os cenários internos e externos irão evoluir nos próximos meses.

A expectativa, entretanto, é que este ciclo de altas taxas de juros pode continuar a ser um entrave significativo para uma recuperação econômica robusta e sustentável do país.

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