Por que ninguém quer ser PROFESSOR nos últimos anos?
No Brasil, a profissão de professor tem estado cada vez menos atrativa devido às muitas dificuldades enfrentadas por estes profissionais, o que tem levado o país a um “apagão docente”, como coloca a diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Rosilene Corrêa.
Os problemas vão desde baixos salários, superlotação de salas de aula e alto nível de adoecimento dos profissionais até as constantes contratações temporárias em vez de concursos. Com tais desafios, muitos jovens estão preferindo outras carreiras.
Estresse e problemas de saúde
Um estudo feito pela Associação Nova Escola em 2019 revelou que 66% dos professores brasileiros pediram afastamento por problemas de saúde. Entre as queixas mais comuns, estão estresse, dor de cabeça, insônia, dores nos membros e depressão.
Diante disso, Rosilene ressalta que é quase impossível lidar com tantos alunos em uma sala de aula. “É humanamente impossível você lidar com 40, 35, 45 crianças ou adolescentes dentro de uma sala de aula,” afirma.
Para enfrentar esses desafios, o Ministério da Educação (MEC) tem estudado medidas para incentivar os jovens a entrar na carreira docente e também para garantir que permaneçam nela. Dentre as propostas, o MEC planeja lançar um edital para um programa de residência pedagógica, que tem como objetivo manter os recém-formados nas escolas.
Além disso, o MEC reajustou, em janeiro de 2024, o piso salarial dos professores da educação básica para R$ 4.580,57. No entanto, Rosilene comenta que esse valor, embora satisfaça a lei do piso de 2008, acaba sendo distorcido pelas gratificações que muitos prefeitos e governadores incorporam ao salário base. Isso significa que, na prática, o reajuste final pode não ser tão expressivo quanto o anunciado.
A solução para o “apagão docente” no Brasil, segundo Rosilene, passa necessariamente pela valorização da carreira docente, que envolve não apenas melhores salários, mas também melhores condições de trabalho e de formação continuada.