A perseguição religiosa em Moçambique tem sido um problema crescente, especialmente no Norte do país, onde grupos extremistas islâmicos estão ativos. Nos últimos anos, a região de Cabo Delgado tornou-se palco de ataques violentos que visam cristãos, com uma série de incidentes que resultaram em deslocamento em massa, mortes e destruição de igrejas. A violência é parte de uma luta entre as Forças Armadas moçambicanas e grupos extremistas como o Estado Islâmico, que busca impor sua ideologia e eliminar a presença cristã na região.
Radicais islâmicos atacam cristãos
Os ataques mais recentes começaram em fevereiro deste ano, quando o Estado Islâmico atacou forças de segurança em Moçambique, resultando na morte de 20 soldados. A partir daí, os extremistas avançaram para outras regiões, queimando casas, igrejas e lojas. O impacto para a população local tem sido devastador, com relatos de sequestros, decapitações e ataques indiscriminados. Os extremistas encorajam a população local a se converter ao islamismo e, em troca de proteção, exigem impostos. A insegurança causada por esses ataques forçou milhares de pessoas a deixarem suas casas, criando uma onda de mais de 70 mil deslocados internos, sendo 35.500 crianças e 14.500 mulheres.
Um exemplo dessa perseguição religiosa é a história de Maria (pseudônimo), uma jovem de 20 anos, que fugiu após um ataque à cidade de Chai, no distrito de Macomia. Ela estava abrigada na casa do tio quando os radicais queimaram o local. Maria conseguiu escapar com sua filha de dois anos nos braços, mas perdeu seu pai e seu tio, que foram amarrados e fuzilados pelos extremistas. Sua jornada para encontrar segurança levou-a a Pemba, onde encontrou abrigo com outra família cristã, mas não pôde se reunir com seus irmãos em um acampamento de deslocados devido ao risco de abusos.
Além da destruição física e do deslocamento forçado, a perseguição religiosa também teve um impacto na educação, com mais de 125 escolas fechadas desde janeiro, prejudicando a educação de mais de 68 mil crianças. O grupo extremista islâmico Ahlu-Sunnah wal Jama’ah tem estado ativo na província de Cabo Delgado desde 2017, aliando-se ao Estado Islâmico em 2019. A violência resultante dessa aliança forçou mais de 650 mil pessoas a fugirem de casa, enquanto cerca de dois milhões de pessoas necessitam de ajuda humanitária imediata.
Para responder a essa crise, ações solidárias estão sendo organizadas. No dia 26 de maio, mais de 15 mil igrejas vão se reunir em oração pela África Subsaariana, como parte do Domingo da Igreja Perseguida (DIP) 2024. O objetivo é aumentar a conscientização e o apoio para os cristãos perseguidos na região, que enfrentam desafios extremos em seu dia a dia. O evento busca chamar a atenção para a necessidade de uma resposta coordenada para proteger os cristãos e reconstruir suas comunidades, diante da ameaça contínua de grupos extremistas islâmicos que atuam em Moçambique e em outras partes da África Subsaariana.