As primeiras imagens do planeta Mercúrio, provenientes da sonda BepiColombo, enviada pela Agência Espacial Europeia e sua parceira japonesa Jaxa, estão causando uma grande agitação. Lançada em 2018, a sonda conseguiu fotografar em preto e branco o menor planeta do sistema solar, a mais de 2418 quilômetros de distância.
Sendo Mercúrio o planeta mais próximo do Sol, é conhecido pelas temperaturas superficiais extremamente altas, alcançando até 450 graus. Porém, a distância entre Mercúrio e a Terra é de mais de 100 milhões de quilômetros, tornando a missão de fotografia uma verdadeira conquista espacial.
O que essas imagens do planeta Mercúrio revelam?
O ângulo das fotografias permitiu a visualização do hemisfério norte de Mercúrio, revelando recursos como a Planície de Sihtu, que foi inundada por lavas. A imagem também destacou uma área arredondada, mais suave e brilhante comparado ao seu entorno localizado perto da cratera Calvino, conhecida como Planície de Rudaki.
A foto também mostrou a cratera Lermontov, com 166 km de largura, que parece brilhar. Essa característica se atribui ao fato da cratera possuir características únicas, chamadas de “cavidades”. Nestas cavidades, os elementos voláteis conseguem escapar para o espaço, criando uma abertura onde ocorreram explosões vulcânicas.
Qual a importância desta missão para nosso conhecimento do sistema solar?
As informações estabelecidas para serem recolhidas pela BepiColombo são essenciais para nossa compreensão do sistema solar. Por exemplo, um dos grandes mistérios que a missão espera resolver é o motivo de Mercúrio ter um campo magnético – uma rara característica que compartilha com a Terra.
Quais empresas estão por trás dessa incrível missão espacial?
Embora o campo magnético de Mercúrio seja cem vezes mais fraco que o da Terra, é surpreendente, dado o pequeno tamanho do planeta. A sonda BepiColombo carrega tecnologias desenvolvidas por diversas empresas, como a Active Space Technologies (AST), localizada em Taveiro (Coimbra). A AST desenvolveu instrumentos que analisarão os níveis de sódio da atmosfera e uma estrutura de titânio de dois metros que suportará a antena de comunicação da nave.
Outro contribuinte significativo é a empresa nacional Efacec, que desenvolveu um monitor de radiação para a sonda. Devido à proximidade de Mercúrio com o Sol, muito da tecnologia a bordo da sonda BepiColombo foi desenvolvida especificamente para essa missão.
Nomeada em homenagem ao cientista italiano Giuseppe Bepi Colombo, essa é a terceira missão espacial a se interessar por Mercúrio, o planeta mais misterioso do sistema solar, cuja proximidade com o Sol dificulta a investigação a partir da Terra.