No contexto de uma sociedade cada vez mais secularizada, as discussões a respeito de temas controversos são inevitáveis. O diálogo aberto sobre sexualidade, naturalmente, não é exceção. Nesse sentido, quisemos trazer à tona um assunto que permanece obscuro a muitos: a masturbação dentro do cristianismo. Trata-se de um pecado ou não?
A visão divina sobre a sexualidade
A sexualidade, conforme vista no cristianismo, foi estabelecida por Deus. Assim, não deve ser motivo de vergonha, mas sim compreendida no contexto de relacionamentos saudáveis. A tensão sexual é um impulso biológico natural e vital. Entretanto, seu controle e aplicação podem ser construtivos ou destrutivos, dependendo da conduta da pessoa.
Masturbação: pecado ou necessidade biológica?
A masturbação é frequentemente encarada como um mecanismo de alívio do desejo sexual. A controvérsia, porém, reside na motivação que leva à sua prática. Embora possa ser compreendida como uma forma de evitar atos sexuais fora do casamento, a masturbação frequentemente abre caminho para fantasias que desviam da vontade de Deus. Jesus nos adverte, por exemplo, que o simples desejo por uma pessoa que não é seu cônjuge já se constitui pecado (Mateus 5.27-28).
Da mesma maneira, a masturbação poderia facilitar o surgimento de pensamentos impuros. Será que é possível se masturbar sem visualizar imagens sensuais ou atos sexuais?
Origens e impactos da masturbação
A masturbação é atribuída a diversos fatores, entre os quais: o alívio físico da tensão sexual gerando sensação prazerosa, os estímulos do ambiente, a busca de autoconhecimento e como forma de fuga. De acordo com a psicóloga Eslly Lais, em sua perspectiva cristã, são poucos os casos em que essa prática não se torna um vício, principalmente devido à liberação de dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer.
Segundo a mesma autora, a tensão sexual pode ser aliviada por outros meios, como a prática de atividade física, que libera a mesma quantidade de dopamina.
Considerações bíblicas e teológicas sobre a masturbação
A masturbação é geralmente julgada pecaminosa perante a ótica bíblica e teológica, por diversos motivos. Embora não haja um mandamento explícito contra essa prática, aplicam-se princípios e inferências sobre a questão. Entre eles, está o argumento que, da mesma forma que olhar para uma mulher com intenção impura já é considerado adultério no coração, a masturbação envolve pensamentos em que outra pessoa se torna objeto do desejo sexual de quem pratica o ato.
Conclusão e conselhos sobre a masturbação
Em minha experiência pastoral, é possível perceber que a masturbação pode causar danos na vida pessoal e conjugal daqueles que se envolvem com essa prática. Além disso, a masturbação é uma prática pecaminosa que pode ser abandonada e, caso seja confessada diante de Deus, tem o seu perdão. Portanto, o conselho neste caso é evitar ambientes e circunstâncias que estimulem o ato, além de direcionar as energias para práticas que proporcionem satisfação, como se envolver com atividades da igreja e buscar ajuda profissional caso necessário.