Um incêndio massivo atingiu o campo de refugiados da etnia Rohingya, localizado no distrito de Cox’s Bazar, em Bangladesh. O incidente ocorreu no domingo, 07 de janeiro de 2023, deixando milhares de pessoas sem abrigo. As autoridades estão investigando a suspeita de um ataque incendiário.
Detalhes do incêndio
No campo de refugiados de Kutupalong, em Ukhiya, mais de mil abrigos foram destruídos quando as chamas se espalharam, impulsionadas pelo vento forte nas primeiras horas do dia. O campo consiste em um complexo extenso feito de bambu e lona, estruturado com abrigos construídos muito próximos entre si.
O chefe do corpo de bombeiros da região, Shafiqul Islam, relatou que pelo menos 1.040 abrigos foram destruídos e que uma investigação está em andamento devido à suspeita de incêndio criminoso. Quase 4 mil pessoas ficaram desalojadas, mas felizmente não houve mortes registradas. Kutupalong é conhecido como o maior campo de refugiados do mundo, abrigando principalmente a minoria muçulmana Rohingya, que foge de perseguições no vizinho Mianmar.
Antecedentes dos Rohingya
Os Rohingya não têm direito à cidadania e outros direitos constitucionais em Mianmar, sendo discriminados pela maioria budista. Eles são excluídos do acesso a cuidados médicos, não podem enviar seus filhos à escola ou circular livremente. As condições continuam a piorar desde o golpe militar ocorrido em 2021.
Embora o governo de Bangladesh tenha se recusado a expulsá-los do país, esforços para permitir o seu retorno a Mianmar falharam. Mais de um milhão de Rohingya fugiram de Mianmar para Bangladesh nas últimas décadas, incluindo cerca de 740 mil que cruzaram a fronteira desde agosto de 2017, após uma violenta repressão aos membros da minoria por parte dos militares birmaneses.
Atrocidades contra os Rohingya
Em 2017, o Exército birmanês deu início à chamada “operação de limpeza” no estado de Rakhine. Civis foram mortos durante a operação, mulheres e meninas foram estupradas e vilas inteiras foram queimadas. A operação foi condenada pelas Nações Unidas e organizações de direitos humanos. Os militares foram acusados de crimes de guerra, contra a humanidade e genocídio. A Corte Internacional de Justiça (CIJ) está investigando Mianmar por violar a Convenção sobre a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio. Mianmar também é alvo de uma investigação da ONU.