Diante da constante procura e questionamentos sobre se ansiedade é um pecado, é crucial desmistificar esta questão. Por muito tempo, houve uma ideia enganosa de que quem possuía fé não experimentava ansiedade. Porém, a ideologia prescrita e captada claramente por meio da Bíblia, mostra que a existência da fé não elimina a presença da ansiedade. Isto é, a fé não é uma fórmula mágica para abolir a ansiedade, pois ambas habitam em diferentes aspectos da natureza humana.
Contrariando o que muitos acreditam, a ansiedade e a fé coexistem em nosso ser, habitando dimensões distintas. Enquanto a ansiedade encontra morada em nossa carne, que representa nossa finitude e fragilidade, a fé reside em nosso espírito. O fato de ambas conviverem em nosotros, de maneira nenhuma, representa uma contradição ao que é espiritualmente concebido.
Qual a relação da ansiedade e a fé?
A partir do ponto de vista teológico e filosófico, esta coexistência é desdobrada em três formas de ansiedade. Primeiramente, a ansiedade enquanto um impulso, que apesar de poder causar doenças, é essencial para nossa sobrevivência, pois é através dela que somos alertados de que o futuro é um território desconhecido e incontrolável por nós. Em segundo lugar, a ansiedade enquanto um hábito, que se origina ao consentirmos com o impulso. Por fim, a ansiedade caracterizada como um transtorno, que afeta a vida das pessoas de maneira crônica e intensa.
Qual é a relação entre ansiedade e pecado segundo a Bíblia?
Um ponto relevante é que, de acordo com a Bíblia, nem toda ansiedade é derivada de ação pecaminosa. Por exemplo, em 1 Coríntios 7:32, Paulo fala sobre um homem solteiro “ansioso” para agradar ao Senhor e um homem casado “ansioso” em agradar à sua esposa. Nesses casos, a ansiedade não é vista como um medo pecaminoso, mas sim uma preocupação profunda e adequada.
A ansiedade é um pecado?
Para responder a pergunta, é importante destacar que somente a segunda forma de ansiedade, aquela enquanto hábito, pode ser considerada pecado. Isso se deve ao fato de que surge do consentimento, ou seja, da permissão concedida por nós mesmos a tal impulso. Agora, o impulso da ansiedade e o transtorno de ansiedade, inclusive, não configuram pecados sob a ótica do espiritual, apesar de demonstrarem que algo precisa ser cuidado e orientado.
Portanto, é fundamental enxergar a ansiedade como algo que pode ser superado e controlado sem ferir os pilares da fé e da spiritualidade. Afinal, ainda que não tenhamos controle sobre o futuro, na fé encontramos a certeza de que ele está nas mãos de Deus.
O Reverendo Gyordano M. Brasilino destaca a importância de esclarecer tais equívocos, e entender essas nuances para lidar efetivamente com a ansiedade, sem conflitar com a fé e, sobretudo, sem considerar a ansiedade como um pecado, mas sim, como um mecanismo humano de reação ao desconhecido e incontrolável.
Como a Bíblia sugere lidar com a ansiedade?
Uma das passagens mais conhecidas sobre ansiedade está no Sermão da Montanha, registrado em Mateus 6. Neste texto, Jesus adverte seus seguidores a não se preocuparem excessivamente com necessidades deste mundo, como comida e vestimenta, já que Deus, o Pai Celestial, cuida de todas essas necessidades. Para os filhos de Deus, o foco deve ser buscar “primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas lhes serão acrescentadas” (Mateus 6:33).
Nesta perspectiva, muitas vezes a ansiedade deriva de um pecado e a melhor forma de lidar com ela é tratar o pecado em questão. Por exemplo, se a ansiedade está surgindo devido a um relacionamento quebrado, buscar a reconciliação é recomendado. No caso de a ansiedade ser originada do medo do desconhecido, entregar a situação a Deus – que conhece e controla todas as coisas – é a sugestão encontrada no Salmo 68:20. Também é mencionado que situações avassaladoras podem gerar ansiedade e que, nestas ocasiões, a fé em Jesus é o melhor remédio.
Então, encarar a ansiedade de acordo com a Bíblia ocasiona para os seguidores da fé cristã a sensação de segurança em saber que Deus suprirá suas necessidades, protegerá do mal, conduzirá suas vidas e manterá suas almas seguras por toda a eternidade. Mesmo que pensamentos ansiosos possam surgir, a resposta correta pode ser praticada, conforme instruções de Filipenses 4:6,7: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus”.