A perspectiva sombria paira sobre o cenário agrícola brasileiro em 2024, com a iminente quebra da safra de soja e milho, prenunciando a possibilidade de ser a maior da história. As projeções da MacroSector Consultores indicam uma queda de 1% na receita agrícola em comparação com 2023, marcando o segundo ano consecutivo de declínio.
Os números refletem diretamente no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para o próximo ano, conforme alerta Fábio Silveira, sócio-diretor da MacroSector. O valor gerado pelas vendas dos principais produtos agrícolas, como soja, milho, trigo, algodão, café, cana e laranja, está estimado em 944 bilhões de reais em 2024, comparado aos 953,4 bilhões de reais em 2023, representando uma queda de 3,5%.
A safra de soja, elemento crucial no cenário agrícola brasileiro e na balança de exportações, está prevista para atingir 144,2 milhões de toneladas, uma significativa redução em relação aos 151,8 milhões da temporada passada. A receita, por sua vez, deve cair de aproximadamente 400 bilhões de reais para cerca de 385 bilhões de reais, impactando diretamente a economia nacional.
A quebra na receita agrícola não afeta apenas os produtores, mas reverbera por toda a cadeia do agronegócio, desde a indústria de insumos até a distribuição, comércio e serviços. Esses setores, conhecidos como “antes” e “depois” da porteira da fazenda, compõem 25% do PIB do Brasil.
A MacroSector prevê um crescimento modesto de 2% no PIB brasileiro em 2024, abaixo dos 2,8% previstos para 2023. Fatores como os juros elevados e os problemas climáticos, como a seca que assolou o Centro-Oeste, contribuem para esse panorama desafiador.
Adicionalmente, a quebra na receita agrícola também impactará as atividades de serviços e comércio no interior do país. A indústria brasileira pode enfrentar um crescimento mínimo, enquanto os serviços podem ter um desempenho ligeiramente melhor, mas ainda assim afetados pelas condições do agronegócio em 2023.
Em contrapartida, as chamadas culturas permanentes, como café, cana e laranja, apresentam uma perspectiva mais otimista. A redução nos preços dos fertilizantes em 2023 contribui para uma rentabilidade mais favorável nessas áreas, oferecendo um contraponto positivo em meio ao cenário desafiador que se desenha para a agricultura brasileira em 2024.