A missão Chang’e-5 da China, que trouxe amostras da Lua em 2020, revelou descobertas notáveis sobre a composição mineral lunar. As rochas e poeira coletadas do Oceanus Procellarum, a maior região escura da Lua, forneceram insights cruciais para entender a história do satélite natural da Terra. Uma análise dessas amostras revelou a presença de um novo mineral chamado changesite-(Y), o sexto a ser descoberto na Lua.
Changesite-(Y) foi identificado pelos pesquisadores do Instituto de Pesquisa de Geologia do Urânio de Pequim (BRIUG). Sua formação é atribuída ao impacto de um asteróide, possivelmente resultando em uma cratera de 3 a 32 quilômetros de largura, dependendo do ângulo de impacto. Estudos anteriores estimam a idade das rochas lunares da Chang’e-5 em 1,97 bilhão de anos.
Além do novo mineral, as amostras também revelaram uma mistura de minerais de sílica previamente conhecidos, principalmente seifertita e estishovita. Acredita-se que esses minerais foram depositados pela colisão que formou a cratera Aristarchus, a mais jovem das quatro crateras de impacto na região visitada pela Chang’e-5.
A seifertita, ao transformar-se em estishovita durante tremores secundários de alta pressão causados por impactos de asteróides, adiciona complexidade ao entendimento desses minerais na Lua. Surpreendentemente, a presença de seifertita e estishovita na amostra é considerada uma “combinação desconcertante”, pois teoricamente só coexistem em pressões muito mais elevadas do que as observadas na amostra lunar.
Os cientistas destacam a raridade de minerais de alta pressão em amostras lunares, sugerindo que sua instabilidade em altas temperaturas pode explicar essa ocorrência incomum. Essas descobertas fornecem uma perspectiva única sobre a história lunar e desafiam a compreensão convencional dos minerais presentes na superfície lunar.
Com planos para lançar a missão Chang’e-6 em maio deste ano, visando coletar amostras da bacia do Polo Sul-Aitken, no lado oposto da Lua, a China continua a desvendar os mistérios da Lua, enriquecendo nosso conhecimento sobre seu passado e formação. A pesquisa detalhada sobre as amostras da Chang’e-5 foi publicada na revista Matter and Radiation at Extremes em 6 de fevereiro de 2024.