Fraudes no Bolsa Família: TCU Vê Indícios de Esquemas com Apostas Online e Transferências Milionárias

Um relatório recente do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta a existência de fortes indícios de uso irregular de CPFs de beneficiários do Bolsa Família em esquemas de fraude, lavagem de dinheiro ou ocultação de ilícitos relacionados ao mercado de apostas online, conhecido como “bets”.

O documento, que analisou movimentações financeiras, revela um volume impressionante de dinheiro. Apenas em janeiro de 2025, pessoas cadastradas como recebedoras do programa social transferiram um total de R$ 3,7 bilhões para empresas de apostas.

Os dados do Banco Central indicam que 21,9% das famílias no Bolsa Família — o que corresponde a cerca de 4,4 milhões de famílias — tiveram algum contato com as plataformas de apostas naquele mês.

Concentração e Casos Extremos

O que reforça a tese de irregularidade é a alta concentração dos valores: 80% do total transferido estava nas mãos de apenas 4,4% das famílias apostadoras.

O TCU identificou ainda que aproximadamente 1,2 milhão de famílias apostaram valores superiores a R$ 600, quantia próxima ao benefício base do programa.

Contudo, os casos mais alarmantes estão nos estratos mais altos. O relatório cita 663 famílias que transferiram para as “bets” valores entre R$ 100 mil e R$ 1,5 milhão em um único mês. O ápice é o caso de uma família que teria movimentado a soma de R$ 2,127 milhões em apostas em apenas 30 dias.

Diante do cenário, o TCU determinou que o Ministério do Desenvolvimento Social elabore um plano de ação para identificar e corrigir inclusões indevidas no programa, além de investigar o uso ilícito dos CPFs para fins de apostas por terceiros. Os dados de movimentações atípicas já foram encaminhados a órgãos como o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), Receita Federal e Ministério Público Federal para a tomada de providências.

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