Em 2024, a agropecuária brasileira enfrenta um cenário marcado por três expectativas e uma realidade, conforme aponta o relatório Perspectivas para o Agronegócio 2024 do Rabobank. Após um 2023 movimentado, as atenções se voltam para mudanças climáticas, logística, impactos políticos e direcionamentos econômicos.
No cenário macroeconômico, apesar do avanço nas reformas estruturais, a inflação tende a perder tração, mas incertezas globais e riscos geopolíticos limitam cortes profundos nos juros. O crescimento do PIB, mesmo após a extraordinária safra, sinaliza a necessidade de cautela, pois os cortes de juros podem demorar a surtir efeito, mantendo a política monetária restritiva.
Margens na agropecuária acendem alerta, porém, os preços de fertilizantes sinalizam otimismo. Com a desaceleração, as margens dos produtores podem ser impactadas, exigindo uma recalculação de estratégias. Contudo, a queda nos preços de fertilizantes no mercado brasileiro reduz o custo de produção, projetando uma retomada nas entregas de fertilizantes em 2024, com destaque para o crescimento do mercado de biológicos.
A perspectiva para a produção de açúcar é otimista, com projeção de uma safra robusta. A recuperação da produtividade nos canaviais e a expectativa de menor produção na Índia e Tailândia sustentam preços internacionais elevados. No entanto, para o etanol, a competitividade é desafiada, e a lucratividade do açúcar continua predominante, mantendo as finanças positivas para as empresas.
Apesar dos desafios, o aumento na oferta traz alívio para o mercado, especialmente nas exportações de café. A escassez do produto elevou os preços, mas a boa safra de 2023 impulsiona as exportações brasileiras. No entanto, o fenômeno El Niño gera preocupações, podendo influenciar negativamente as safras futuras em diversas regiões.
A proteína animal enfrenta incertezas devido às questões climáticas e geopolíticas. O mercado de carne bovina deve ter um aumento recorde na produção, impulsionado pelo mercado internacional e pela retomada do consumo no Brasil. Para a carne suína, desafios no mercado doméstico são previstos, enquanto o setor de frango mantém crescimento na oferta global, com atenção para riscos sanitários.
A influência da oferta global impacta setores como leite e suco de laranja, com preços do leite melhorando e aumento moderado na oferta. No entanto, a demanda por suco de laranja pode cair devido a fatores globais. O setor de celulose enfrenta desafios de aumento na oferta e demanda menos dinâmica, refletindo em preços globais mais estáveis.
Em relação à soja, após anos de destaque, 2024 projeta uma redução nas margens e crescimento menor na área plantada. A produção de milho é estimada em 127 milhões de toneladas, com desafios nas exportações. O algodão enfrenta incertezas devido ao cenário macroeconômico, mas a produção brasileira deve crescer, impulsionada pela redução de margens do milho safrinha.