A Agência Espacial Europeia (ESA) anunciou recentemente a aprovação da missão Laser Interferometer Space Antenna (LISA), marcando a primeira jornada científica dedicada à detecção e estudo de ondas gravitacionais diretamente do espaço. Esta constelação de três naves, que seguirá a Terra em sua órbita ao redor do Sol, formará um triângulo extremamente preciso no espaço, trocando feixes de laser ao longo de cada lado de 2,5 milhões de km.
O Comitê do Programa Científico da ESA reconheceu o avanço do conceito da missão e da tecnologia, dando “sinal verde” para a criação dos instrumentos e das naves necessárias. O trabalho de construção está previsto para começar em janeiro de 2025, após a escolha de um contratante industrial europeu.
As ondas gravitacionais, teorizadas por Albert Einstein, são distorções no espaço-tempo que ocorrem durante eventos como fusões de buracos negros supermassivos. A LISA, ao detectar essas ondas, poderá revelar partes do universo invisíveis por outros meios, incluindo buracos negros, o Big Bang e objetos ainda desconhecidos.
A missão LISA utilizará pares de cubos de ouro-platina chamados de “massas de teste”, localizados no centro de cada nave. As ondas gravitacionais causarão variações nas distâncias entre as massas, sendo acompanhadas por interferometria a laser. Essa técnica permitirá a detecção de ondas de baixa frequência que instrumentos na Terra não conseguem captar.
A cientista da Nasa, Ira Thorpe, destaca que a LISA abrange dezenas de milhares de sistemas binários em nossa galáxia, assim como buracos negros massivos resultantes de colisões galácticas no início do universo. Detectar as ondulações no espaço-tempo causadas por colisões de buracos negros permitirá rastrear a origem desses objetos e compreender seu papel na evolução das galáxias.
A missão poderá oferecer uma visão direta dos primeiros segundos após o Big Bang. As ondas gravitacionais, carregando informações sobre a distância dos objetos que as emitiram, também ajudarão na medição da mudança na expansão do Universo. O lançamento das três espaçonaves da LISA está agendado para 2035, utilizando um foguete Ariane 6, de acordo com os planos da ESA.