A história da descoberta e habitação da Antártica é mais complexa do que a narrativa oficial do século XVI sugere. A região, conhecida hoje por seu ambiente gélido, nem sempre foi assim. Durante o período Cretáceo, entre 145 milhões e 66 milhões de anos atrás, a Terra era mais quente, abrigando florestas tropicais ao longo da costa antártica, o que teoricamente tornaria possível a vida humana na região.
No entanto, esse cenário remonta a um tempo muito antes do surgimento dos primeiros humanos, cerca de 2,4 milhões de anos atrás, tornando improvável qualquer habitabilidade sem a tecnologia moderna, mesmo durante os períodos interglaciais. A elevação do nível do mar durante esses períodos teria criado barreiras marítimas mais extensas do que as atuais, dificultando qualquer tentativa de colonização.
Oficialmente, as primeiras viagens documentadas às águas antárticas ocorreram no século XVI, com os europeus liderando as explorações. No entanto, evidências sugerem que outros povos podem ter chegado à Antártica antes disso. A navegação polinésia, conhecida por suas conquistas extraordinárias, indica que eles também podem ter explorado a região. Um estudo apontou que povos indígenas da Nova Zelândia, com sua forte ligação com as baleias antárticas, podem ter tido conhecimento do continente muito antes das explorações europeias.
Relatos do marinheiro Hui Te Rangiora, datando de cerca de 1.400 anos atrás, sugerem viagens ao Oceano Antártico, seguindo possivelmente baleias migratórias. Os povos Yaghan, nativos americanos que visitaram as Ilhas Malvinas no século XIV, também podem ter explorado a Antártica. Essas teorias lançam dúvidas sobre quem foi realmente o primeiro a chegar à Antártica e apontam para uma narrativa mais diversificada e rica do que a história oficial sugere.